Subnotas 06/03/25

Na coluna Subnotas, Daniel Souza Luz fala de política com humor e de humor com política

Mar 6, 2025 - 17:20
Mar 6, 2025 - 17:21
Subnotas 06/03/25

MEMELÂNDIA 
Poços de Caldas, filial mineira do Tucanistão e seu último bastião extemporâneo, pareceu-se um pouco com aquele meme que compara as eleições do Brasil com a dos EUA nos dias que se passaram entre a publicação da última coluna e a de hoje. Mal foi eleito e Paulo Ney já sofreu um pedido de cassação. Ele reagiu  agressivamente, o que talvez denotasse preocupação com o encaminhamento que a câmara municipal daria à denúncia. Como a cidade é conservadora tudo acabou em pizza, a preocupação foi à toa e nem a admissibilidade do processo de cassação foi aprovada.

MAU EXEMPLO
Para nunca ficar mal com ninguém, já aviso que desde agora sou igual à maioria dos vereadores de Poços: se eu repudio algo, por mim está tudo bem se esse algo continue assim e sigamos todos felizes. E abstenho-me de qualquer outro comentário sobre o assunto. 

NARRATIVAS
A administração municipal conta com uma bem azeitada máquina de divulgação e sua eficácia foi em boa parte construída por Paulo Ney quando ele esteve à frente dela. Ter o que mostrar ele tem, mas provavelmente não contasse com tantos revezes logo no início de mandato, ainda mais reunindo-se com a oposição e divulgando esses encontros. A postura conciliadora, diferente do antecessor, foi posta à prova e ele não segurou muito a onda. Tendo de confrontar acusações, ainda que fundadas em fatos à vista de todos, criou-se uma guerra de narrativas, essa expressão tão ao gosto da imprensa e que em certa medida vilipendia a palavra narrativa, um termo valioso. 

CONSELHOS
No vídeo em que ataca os vereadores Diney Lenon e Tiago Mafra, ambos do PT, que estiveram à frente do seu pedido de cassação, Paulo Ney diz que a nomeação do ex-prefeito Sérgio Azevedo (PSDB) para a presidência da holding do DME foi aprovada pelo conselho do departamento. O que os vereadores apontam é que o Comitê de Avaliação Estatutária do órgão reprovou por unanimidade a indicação de Sérgio e o prefeito defende que o que vale é a decisão do Conselho de Administração do Departamento Municipal de Eletricidade. Meu conselho é que o que vai valer mesmo é um arquivamento ou denúncia do MP e uma decisão do judiciário caso o imbróglio arraste-se.

GREVE 
Outro revés prematuro para a administração de Paulo Ney: os servidores da prefeitura, em assembleia convocada pelo Sindserv, decidiram por uma greve que começou na Quarta-Feira de Cinzas. A prefeitura apresentou uma proposta de 5% de reajuste salarial e R$ 770,00 no vale-alimentação, com a retirada de algumas cláusulas (a permissão da liberação de sete dirigentes uma vez por semana e a liberação de dirigentes que são servidores do DMAE nas mesmas condições); a proposta foi rechaçada pelos servidores, que pediam 11,8% de aumento e mil reais de vale. 

ACIRRAMENTO 
No mesmo vídeo mencionado duas notas acima, em resposta a uma cidadã que nos comentários o questionou sobre o assunto, Paulo Ney afirma que a proposta da prefeitura foi o repasse da inflação e o limite da responsabilidade fiscal. “Se alguém te falou algo diferente, mentiu”, disparou (e eu incluí a vírgula para não meter aqueles infames ‘sic’ aqui). Já no release enviado pelo sindicato, a presidente do Sindserv, Greice Keli Alves, diz que a proposta da prefeitura é “uma piada de mau gosto, uma esmola para os trabalhadores que carregam a prefeitura nas costas”, indicando uma elevação no tom em ambos os lados. 

* Daniel Souza Luz é jornalista, escritor e revisor. E-mail: danielsaouzaluz@gmail.com

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