Riscos das Terras Raras em Caldas e Poços de Caldas

Abr 15, 2025 - 15:42
Abr 15, 2025 - 16:09
Riscos das Terras Raras em Caldas e Poços de Caldas

Os Elementos Químicos Terras Raras são um grupo de 17 elementos, metais com propriedades físico-químicas especiais. 

Em Caldas há registros significativos de depósitos de Terras Raras, associados ao complexo alcalino de Poços de Caldas. 

No entanto, uma característica relevante, e preocupante, é que esses depósitos frequentemente ocorrem associados a elementos radioativos, como Urânio e Tório. 

Isso levanta uma importante questão sobre a segurança da mineração (em Caldas), transporte a Poços, processamento e descarte de resíduos em Poços de Caldas, com riscos à saúde humana e ao meio ambiente. 

A probabilidade de ocorrência de elementos radioativos No contexto geológico de Caldas, a probabilidade de coexistência de Terras Raras e elementos radioativos é elevada. 

Isso se deve à natureza do complexo ígneo de Poços de Caldas, que é rico em minerais como Monazita e Bastnaesita, ambos contendo Lantânio, Cério, Neodímio e, frequentemente, Tório e Urânio em sua estrutura cristalina. 

A Monazita, em especial, é bem conhecida por conter até 10% de Tório e pequenas quantidades de Urânio. 

Além disso, a própria história da região reforça essa associação. Durante as décadas de 1980 e 1990, a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) operou na mina de Urânio de Caldas, gerando rejeitos radioativos que permanecem até hoje na região, esperando destino mais seguro do que o atual. 

Isso mostra que a Radioatividade é um fator concreto e não apenas uma possibilidade teórica. Quais elementos radioativos estão presentes? 

Os principais elementos radioativos associados às Terras Raras em Caldas são: 
• Tório (Th 232): um elemento natural radioativo, de meia-vida longa (14 bilhões de anos), emitindo radiações alfa durante sua desintegração.
• Urânio (U 238 e U 235): com longas meias-vidas, é a principal matéria-prima para combustível nuclear. Em sua degradação, produz Radônio e outros elementos tóxicos. 
• Radônio (Rn 222): um gás nobre, inodoro e radioativo, produzido a partir da cadeia de decaimento do Urânio. Sua inalação é uma das principais causas de câncer de pulmão entre os não fumantes.
• Produtos de decaimento: como Polônio, Rádio e Chumbo 210, que se acumulam no organismo e apresentam toxicidade elevada.

 A complexidade aumenta porque esses elementos estão presentes em rochas e minerais que precisam ser moídos e lixiviados para a extração das Terras Raras, o que gera poeira radioativa, contaminantes líquidos e resíduos sólidos perigosos. 

Danos potenciais à saúde humana A exposição humana a elementos radioativos pode ocorrer de várias formas: por inalação de partículas no ar, ingestão de água ou alimentos contaminados, ou contato direto com materiais radioativos. 

Os principais danos à saúde incluem:
• Câncer: a exposição prolongada à radiação ionizante aumenta significativamente o risco de câncer, especialmente pulmão, fígado e ossos. O Radônio, por exemplo, é uma das principais causas de câncer de pulmão provocado pelo ambiente.
• Doenças ósseas: o Rádio, quando absorvido, se acumula nos ossos e causa necrose, osteoporose e deformidades.
• Alterações genéticas: a radiação pode danificar o DNA das células humanas, levando a mutações que afetam gerações futuras.
• Distúrbios neurológicos e imunológicos: a exposição crônica a metais pesados associados às Terras Raras, como o Lantânio e o Cério, também pode afetar o sistema nervoso e o sistema imunológico.
• Problemas respiratórios: a poeira radioativa pode causar pneumoconiose e fibrose pulmonar. 

Esses efeitos podem ser mais graves em trabalhadores da mineração, processamento desses produtos, comunidades próximas às áreas de extração e até mesmo em populações que consomem alimentos ou água contaminados pelos rejeitos radioativos. 

A presença de elementos radioativos nas Terras Raras da região de Caldas é uma realidade geológica e histórica. 

Não se trata apenas de risco hipotético, mas de um fato confirmado por estudos e pela própria operação anterior da INB na região. A extração de 

Terras Raras, se não for conduzida com rigorosos padrões de segurança radiológica, pode representar sérios riscos à saúde pública e ao meio ambiente. 

Portanto, qualquer projeto de mineração, transporte e processamento desses materiais e seus rejeitos na região deve incluir:
• Monitoramento contínuo de Radioatividade.
• Barreiras físicas e químicas para conter rejeitos.
• Proteção aos trabalhadores e às comunidades.
• Programas de vigilância epidemiológica.
• Estudos de impacto ambiental rigorosos e independentes. 

A riqueza das Terras Raras deve ser aproveitada com responsabilidade, de forma a garantir que seu valor estratégico não se transforme em um passivo ambiental e social irreversível. 

É de suma importância que as comunidades de Caldas e Poços de Caldas conheçam todos os problemas que podem advir dessas atividades, aliás, as Terras Raras já provocaram muitas doenças e problemas ambientais na China, que é líder disparada de sua produção. 

PS: Por tudo isso considero fundamental a presença da comunidade de Poços de Caldas na próxima reunião que discutirá essa questão dos Terras Raras na Câmara Municipal de Poços de Caldas no dia 16 de abril às 18 horas. 

* Roberto Seabra da Costa é bacharel em Física e ex-mestrando no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e no IFUSP (Instituto de Física da USP). E-mail: roberto.seabrabr@outlook.com

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