Resultados das eleições mostram que Poços de Caldas não é uma cidade cidadã

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Findado o pleito e passada a euforia dos vitoriosos e a tristeza dos perdedores nesta última eleição, fica a reflexão e a preocupação sobre dados que passam ao largo das análises sobre quem se elegeu ou qual aquele que teve o maior número de votos.

Há um número que coloca Poços de Caldas entre as cidades do país com os maiores índices de abstenção no Brasil.

A média no país oscilou entre 25% a 30% de eleitores que não foram votar. Em Poços, tivemos exatos 32, 67%.
Para aumentar a constatação desta evidente apatia do eleitor de nossa cidade, tivemos 3.765 votos em branco e 4.666 nulos.

Mais de 10% dos eleitores da cidade se dirigiram até suas seções eleitorais, chegaram na frente das urnas e não votaram em ninguém. Somados, temos cerca de 40% dos eleitores que não participaram das nossas eleições.

Estas dezenas de milhares de votos são um número muito maior do que aqueles pouco mais de 28 mil votos que elegeram o prefeito que estará na casa amarela à partir do próximo ano.

Os ausentes do processo eleitoral, sozinhos, poderiam eleger com muita folga qualquer prefeito ou deputado e também poderiam mudar de todas os formas possíveis o resultado final.

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Pensar sobre os motivos que colocam uma parte substancial de nossa população que não atuou nos rumos políticos de nossa cidade é uma urgência.

Nossa câmara de vereadores teve uma renovação muito reduzida e apenas uma mulher irá representar uma parcela que corresponde à cerca de metade da população.

Sofremos pela falta de representatividade, pela imobilidade e pela ausência de renovação, a julgar pelo prefeito eleito que é apadrinhado pelo atual prefeito, que cria em torno de si, um domínio de, ao menos, 12 anos à frente do executivo.

Pensar sobre formas e alternativas de integrar a população ao processo político deveria ser uma prioridade para todos os agentes políticos, eleitos ou não, candidatos ou não.

A integração de uma comunidade ao seu destino é, antes de tudo, a promoção da cidadania. Se nosso povo pouco se importa com a participação cidadã, nossa cidade será marcada sempre pelo desapreço à democracia e uma situação tão ruim pode ferir de morte nosso futuro e desenvolvimento.

É triste pensar que não somos uma cidade cidadã.

* Clayson Felizola é professor e jornalista