Quantidade de startups do setor de cannabis deve dobrar em dois anos

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As oportunidades no segmento milionário de cannabis legal aumentam em progressão geométrica no mundo e incluem medicamentos à base da planta, atualmente existem mais de 25 mil aplicações industriais de cânhamo e serviços que fazem parte do ecossistema da cadeia produtiva.

Em 2024, o setor deve movimentar US$ 824 milhões na América Latina nas mais variadas necessidades patológicas. Essa é a perspectiva do relatório Cannabis: Pesquisa, Inovação e Tendências de Mercado, com dados da Prohibition Partners, de 2021.

No Brasil, existem variados empreendimentos em relação à oferta de serviços para o mercado do uso da planta, muitos deles nasceram como startups e estarão presentes no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal e na Medical Cannabis Fair, dentre elas, a aceleradora The Green Hub, que possui um portfolio com atualmente 19 das marcas, representando parte significativa das startups no país relacionadas ao setor canábico, e pretende dobrar de tamanho em pouco tempo.

Quinze são oriundas do processo seletivo e quatro nasceram dentro da própria TGH. “Algumas estão em estágio inicial outras já faturam, nossa meta é subir para 44 nos próximos dois anos”, revela Alex Lucena, sócio e consultor em educação e inovação corporativa da companhia.

Pelo menos sete delas vão se apresentar na segunda edição da Medical Cannabis Fair e do Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal. Organizados pela Sechat – plataforma de conhecimento e negócios voltada ao uso medicinal e mercadológico da planta – a feira e o congresso acontecerão no Expo Center Norte, São Paulo (SP), em 4 e 5 de maio de 2023, reunindo centenas de profissionais do setor e marcas de negócios voltados para a saúde e para a indústria.

A aceleradora, inclusive, acaba de abrir uma nova rodada de captação de recursos com vistas a fomentar o setor de cannabis no Brasil e pretende levantar entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões ainda em 2023. “O evento da Sechat dará mais visibilidade a esses novos negócios”, afirma Lucena.

Lucena conta que ao longo de quatro anos mais de 260 startups se inscreveram (108 só em 2022). A maior parte do sudeste do Brasil, mas outras áreas com regiões nordeste e centro-oeste são contempladas. Há também no Uruguai, Canadá e EUA, criadas por brasileiros que, segundo ele, se sentiram forçados a operar fora do país devido aos entraves burocráticos para operar em território nacional.

Desse total, mais de 25% já receberam rodada de investimentos. Um exemplo é a Scirama, com o envolvimento do neurocientista Stevens Rehen no empreendimento. Trata-se de uma startup de base biotecnológica para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação com foco no estudo de substâncias psicodélicas e canabinoides para a saúde mental.

Fundada em fevereiro de 2021, a empresa visa tornar realidade os estudos científicos que tragam qualidade de vida e abordagens terapêuticas mais eficientes, sempre em parceria técnica com universidades e a indústria. Os resultados demonstram que a importância do trabalho vem sendo reconhecida. A companhia já contou com aportes de mais de R$ 4 milhões e pretende atingir em breve o montante de R$ 25 milhões. Clarice Pires, sócia e CEO da Scirama explica que a o congresso promovido pela Sechat “será fundamental para abrir a rede de investimentos, estabelecer parcerias e seguir novas frentes”.

A Scirama possui portfólio em duas áreas de negócios: biotecnologia e estudos clínicos. A primeira desenvolve tecnologias em laboratório para licenciamento de PI (propriedade intelectual), trazendo valor agregado à startup, combinadas com projetos de prestação de serviço, com maior rapidez de entrada no mercado, por meio da testagem de moléculas em células humanas de sistema nevoso central. A segunda refere-se a pesquisas que trazem dados científicos com pacientes brasileiros visando diminuir entraves regulatórios no segmento.

A prestação de serviços foi uma janela que a empresa abriu no final de 2022 para faturar a curto prazo. “Os valores de contratos chegam a R$ 500 mil e até meados deste ano teremos pelo menos três deles”, revela Clarice.

Em biotecnologia, a Scirama desenvolveu, em parceria com a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma formulação farmacêutica de spray nasal à base de CBD (canabidiol) e já possui parceria com indústria farmacêutica brasileira, localizada em Minas Gerais. A transferência de tecnologia deve acontecer até dezembro.

A Sensativa é também uma das startups que marcará presença no evento. A empresa voltada ao bem-estar íntimo estabeleceu-se em Nevada, estado da costa-oeste dos EUA, e lançará  um estimulante íntimo feito à base de cannabis e extratos da flora brasileira, ainda neste semestre.

A empresa já recebeu investimento-anjo e está em busca de nova rodada de investimento. Pedro Freire, cofundador da empresa, afirma que, embora o mercado norte-americano tenha uma concorrência mais acirrada, ainda é vantajoso, por ser menos burocrático e mais aberto que o brasileiro. “Aqui no Brasil, por ser considerado um medicamento, as pessoas precisariam de prescrição médica, o que aumentaria os custos e exigiria esforço maior de vendas. Nos EUA e Europa vendemos direto para o consumidor final via e-commerce ou em dispensários e lojas especializadas em bem-estar.”

Freire, porém, não descarta aportar em território brasileiro. “É um sonho que pretendemos realizar o quanto antes, a depender do sucesso da marca lá fora”, finaliza. Segundo os entrevistados, o setor tem desafios regulatórios, mas está se movendo ano a ano, cada vez mais maduro, com companhias cada vez mais prontas para brilhar, tanto dentro quanto fora do país.

Serviço
• Evento: Medical Cannabis Fair 2023 e Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2023
• Data: 4 e 5 de maio de 2023 – das 9h às 19h
• Local: Expo Center Norte
• Endereço: Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme – São Paulo – SP – Brasil
• Inscrições para a Feira: www.medicalcannabisfair.com.br
• Inscrições para o Congresso: www.congressocannabis.com.br