Vereadores repudiam postagem de Paulo Tadeu

A postagem feita no Twitter no sábado, 12, pelo vereador Paulo Tadeu (PT) segue rendendo muita polêmica. Desde o sábado, inúmeras críticas nas redes sociais têm sido feitas contra o ex-prefeito.

Ele chamou os participantes de “coxinhas” e pediu para eles “não pisarem e nem comerem a grama”. “Coxinha” é a gíria depreciativa que indica um indivíduo conservador, que é politicamente correto e que se preocupa em adotar comportamentos que são aceitos pela maioria das pessoas.

EM DEFESA
Em sua defesa, Paulo Tadeu enviou artigo aos jornais argumentando as razões e motivos da sua postagem, onde cita que foi “alvo” de “ataques covardes” para fazer o desabafo no seu perfil. Ele também concedeu entrevista no rádio e argumentou que quis se referir apenas às pessoas que fizeram estes ataques e não à população poços-caldense, ainda que a postagem não fizesse esta distinção. A íntegra do artigo está disponível aqui.

Diante de tanta polêmica, a sessão ordinária de ontem à tarde foi cercada de muita expectativa, já que a previsão era de oposicionistas indignados contra o petista. Várias pessoas foram ao Legislativo acompanhar a sessão e protestaram levando coxinhas e ficando de costas quando o vereador utilizou a tribuna livre para se explicar. Uma prévia do que viria pela frente foi a leitura durante a sessão da carta do Diretório Municipal do PSDB, condenando as declarações do petista.

TRIBUNA LIVRE
Na explicação pessoal, que é o momento em que os vereadores usam a tribuna livre para falarem sobre qualquer assunto, Paulo Tadeu entrou na alça de mira dos vereadores. Flávio Faria (Rede), Tiago Cavelagna (DEM), Jonei Eiras (PSDB), Regina Cioffi (PPS), Paulo Eustáquio (PSD) e Marcos Tadeu Sala Sansão (PSDB) antecederam Paulo Tadeu e não esconderam a indignação. Flávio Faria elogiou as manifestações e disse que este é o papel da democracia.

Ele não quis se dirigir diretamente ao ex-colega, mas disse que é preciso ter respeito a quem pensa diferente. Jonei Eiras usou a tribuna com um discurso pronto, citando a Constituição Federal e as prerrogativas que garantem a liberdade de expressão dos cidadãos, condenando as declarações do colega de plenário. Tiago Cavelagna veio a seguir e se disse surpreso e indignado com o fato, já que não esperava que tais declarações tivessem partido de Paulo Tadeu. O vereador afirmou ter sido cobrado por familiares, amigos e eleitores que se sentiram ofendidos com as declarações consideradas por ele como agressivas.

Paulo Tadeu chegou a reclamar com a presidente da Câmara, Regina Cioffi, por ter sido chamado de “petralha” por pessoas que estavam no plenário. A vereadora pediu calma ao público. Na sequência, a própria vereadora, em tom mais moderado que os ante-cessores, elogiou as manifestações, mas considerou a postagem do colega como “infeliz, agressiva e desnecessária”. Paulo Eustáquio, a seguir, disse que as manifestações foram um ato contra a corrupção e a exemplo de outros colegas, relatou ter sido cobrado por eleitores sobre uma postura firme contra o petista.

Já Marcos Tadeu Sala Sansão relatou que só acreditou que a postagem era verdadeira após receber a imagem de várias outras pessoas. Sansão condenou a postura de Paulo Tadeu e lembrou que a passeata foi pacífica, ordeira e com pessoas de todos os tipos. Em tom irônico, Sansão lembrou que Poços de Caldas é uma cidade “coxinha”, já que mais de 55% dos votos na última eleição foram para Aécio Neves (PSDB), e que Espírito Santo do Pinhal (SP), terra natal do petista, “é mais coxinha ainda”, com 66% dos votos para o tucano.

Enfim, quando Paulo Tadeu subiu à tribuna livre, discursou alegando que não se “assusta com cara feia”, em referência ao público que o hostilizava no plenário, e defendeu suas convicções políticas, lembrando a sua luta contra a ditadura. O vereador considerou ainda que “coxinhas” são as pessoas intolerantes e preconceituosas que se manifestam tanto nas redes sociais quanto em público. Em vários momentos do seu discurso, Paulo Tadeu foi vaiado.

O vereador Sansão chegou a pedir o direito de palavra, pois se sentiu ofendido pelo vereador. Paulo Tadeu, que usou e abusou da sua retórica para ironizar colegas, ainda que sem citar nomes, disse que Sansão não tem moral para falar dele, já que utilizou-se do mesmo expediente para chamar a presidente Dilma Rousseff (PT)

O vereador José Maria Siqueira (PMDB) veio logo depois, mas fez um discurso breve sobre as manifestações e sem se referir ao petista. Antonio Carlos Pereira (DEM) tentou usar um tom respeitoso com Paulo Tadeu, citando toda a sua história política, mas foi firme ao repudiar as declarações. Zezé Scassiotti (PSDB) encerrou a participação também condenando Paulo Tadeu, lamentando o fato dele “não ter pedido desculpa” quando teve oportunidade. “Eu sou coxinha”, ironizou a tucana.