Poços de Caldas: amor à primeira vista

Era final dos anos 1990, quando eu trabalhava como representante comercial. Estava em Alfenas, quando vi passar um ônibus com destino a Poços de Caldas. Pensei comigo: “amanhã mesmo eu embarco nesse ônibus e vou conhecer essa cidade que tanto ouvi falar”.

Desembarquei na Rodoviária, que funcionava onde hoje é a praça do Museu Histórico. Foi amor à primeira vista. Atravessei as suas belíssimas praças e me hospedei no antigo Hotel Rex, bem em frente à Praça Pedro Sanches.

Lembro que andava pelas ruas e praças encantado com a sua beleza, olhava para Serra de São Domingos totalmente preservada e aí era inevitável a comparação com os morros cariocas, todos ocupados por comunidades.

Na volta para casa, depois de uma semana de trabalho em terras sulfurosas, contei para minha esposa o que eu tinha visto por aqui.

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Semana seguinte, ela quis vir comigo também pra conhecer a Princesinha de Minas Gerais, e é óbvio que também ficou encantada. Começava aí um namoro com a cidade. “Nós temos que nos mudar para cá”, pensamos.

O tempo passou, fui trabalhar no Banco Panamericano. Adivinha onde quis passar as minhas primeiras férias?

Na época, era início de 2007, vi que tinha uma bela loja da financeira na Rua Rio de Janeiro, 85. Fui lá e conversei com a gerente, que logo me disse para vir para cá, pois tinha uma vaga para mim.

Voltei pro Rio, terminada as férias, e fui conversar com o meu gerente. “Cara, conheci uma cidade no Sul de Minas e me apaixonei por ela, eu quero que você me ajude numa transferência pra lá”, pedi.

No princípio, o Arthur Saldanha ficou resistente, bateu na mesa e me disse: “Cara, tu tá maluco, quer sair do Rio, deixar sua casa própria e ir morar numa cidade do interior?”.

Respondi: “Eu quero ir para lá por minha conta e risco”. Todas as financeiras eram do Grupo Silvio Santos, por isso resolvi usar uma das suas conhecidas frases para convencê-lo.

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Conclusão: uma semana depois, eu e a Wania desembarcávamos por aqui, no dia 1º de junho de 2007, em pleno inverno. Depois de sairmos dos 40 graus do Rio, viemos encarar o friozinho de Poços.

Nas duas primeiras semanas ainda tínhamos um pouco de dinheiro e ficamos em hotel. Quando já não dava mais, começamos a procurar uma casa pra alugar. Uma feirante nos indicou uma no Santa Rosália. Alugamos a casinha mais simples que já tínhamos morado, mas estávamos felizes.

Infelizmente, no início de 2008, as financeiras fecharam e eu, aos 56 anos, senti o gosto amargo do desemprego.

Quando li no jornal Mantiqueira que a Prefeitura estava lançando naquele mesmo ano um concurso público, pensei: “essa é a minha chance”. Eu só tinha uma opção: passar ou passar.

Num misto de coragem, ousadia e necessidade, fiz esse concurso aos 56 anos de idade. Já caminho para 14 anos na Prefeitura e quase 70 anos de idade.

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Passamos nossos momentos difíceis, sim, mas em nenhum desses momentos lamentamos a decisão de vir morar na bela Poços de Caldas, essa linda cidade que nos acolheu tão bem.

Por isso somos gratos, posso falar por mim e por ela também, esses foram os anos mais felizes de nossas vidas, aqui nos aposentamos, aqui trabalhamos e por aqui queremos ficar o resto de nossas vidas.

Lembro de uma frase que dizia assim: “Se você já viveu mais de 50 anos, certamente já viveu mais do que viverá, portanto, procure viver o que te resta, com a melhor qualidade possível”.

Foi o que fizemos e somos gratos a Deus e a Poços de Caldas por ter nos acolhido. Parabéns a mais linda cidade mineira pelos seus 149 anos de fundação!

* Paulo Danilo Vieira Avilla é servidor público municipal e ex-presidente do Conselho Municipal do Idoso