Ordem do Dia 29/04/24
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Dois livros lançados recentemente, ainda sem tradução em português, pregam a eliminação dos super ricos.
O primeiro, de autoria da holandesa Ingrid Robeyns, intitulado “O caso contra a riqueza extrema” (em tradução livre). O outro, do inglês Luke Hildyard, intitulado “Chega: por que é hora de abolir os super ricos” (em tradução livre).
A revista The Economist trata criticamente das duas obras. Usando de corrosiva ironia. De modo a evitar abordagens meramente ideológicas, a favor ou contra essa ideia genérica, caberia uma reflexão usando da analogia.
Se a extrema concentração de riqueza fosse uma doença, o tratamento proposto seria eliminar os doentes. E não a moléstia. Não faria sentido.
Tal proposta já foi implementada, algumas vezes, na história da humanidade. Seus resultados foram duvidosos, ou simplesmente catastróficos. Vejamos.
Se a extrema concentração de riqueza é eticamente condenável, diante de tanta desigualdade e pobreza, seria bom lembrar que os super ricos não brotam da terra. Nem, tampouco, caem do céu.
Os magnatas, ou super ricos, resultam de um sistema econômico chamado capitalismo. E, teoricamente, qualquer um poderia se tornar um super rico, nesse sistema.
Antes disso, somente nobres, reis, tiranos, ou algo equivalente, poderiam alcançar tal condição. Estribados em supostos “direitos divinos” ou em cruenta força bruta.
Além do que, considerando os sistemas econômicos que precederam o capitalismo, desde que há registro histórico, foi o capitalismo o responsável pela maior redução da pobreza, em termos estatísticos.
Teria sido o arranjo econômico que mais gerou avanços técnicos, tecnológicos, científicos, culturais e educacionais, em toda a história humana. Distribuindo essas benesses a grandes contingentes populacionais.
Não há nenhum precedente que, de fato, supere o capitalismo. Só na literatura ou na teoria. Com vantagens adicionais: liberdade política e sistema jurídico uniforme, para todos os cidadãos.
Isso ocorreria na maioria dos sistemas que adotaram a economia de mercado. Os exemplos que temos hoje, de países que suprimem o sistema capitalista, e seus acessórios político-jurídicos, seriam pouquíssimos.
Talvez dois ou três. O mais conhecido seria a Coreia do Norte. Ao lado de Cuba e talvez Nicarágua, ou Venezuela. Quem quer se mudar para um desses lugares?
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com