Ordem do Dia 27/12/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Haveria alguma correlação entre o ataque do Hamas e a guerra da Ucrânia? Existiria algum tipo de aliança espúria entre Rússia, Irã e China, em torno desses dois conflitos?

Se percorrermos a imprensa internacional especializada, veremos que tais questões fazem parte de suas indagações. Seriamente.

O The New York Times, por exemplo, chegou a informar que Putin planejou e ofereceu uma festa, para diversos convidados ilustres, exatamente no dia do ataque terrorista do Hamas a Israel.

Embora o pretexto tenha sido comemorar seu aniversário, esse fato só aumentou as especulações: além de não ser hábito de Putin comemorar seus anos, desse modo, a ação do Hamas soou como um “presente” do Irã a Putin.

Caberia registrar que o Hamas é um satélite do Irã, que o financia. Por outro lado, o ataque poderia ter sido deflagrado dias antes, ou depois, dessa data. Afinal, houve meses de preparação. Ou nem mesmo ter sido ordenado.

Por que se realizou, exatamente, no dia em questão? O mesmo se pergunta sobre a festa de Putin. E por qual razão o ditador russo teria dado uma recepção tão estranha a seus hábitos?

As testemunhas do evento informaram que Putin se mostrou de excelente humor na ocasião, cheio de planos para o futuro. Tranquilo e relaxado. Não parecia um homem em dificuldades no campo de batalha. Estranho.

A forte aliança política e comercial entre os três países é bastante conhecida. Inclusive na área de armamentos, além de uma declarada cooperação militar. Mas iria além disso? Teria uma natureza conspiratória contra o Ocidente?

O fato é que a ação do Hamas, contra Israel, desviou a atenção da Ucrânia. A guerra encruou, os aliados ocidentais parecem desanimados, há um impasse no campo de batalha e há rumores a respeito de um possível cessar fogo.

Espalhados por oficiais russos. O que atenderia aos interesses comerciais da China, além de dar algum fôlego à Rússia, para poder se rearmar.

Por mais que isso pareça um jogo de psicopatas, não se deve esperar saúde mental, ou qualquer tipo de limite ético, em uma coalizão que inclua Putin, Aiatolás e chineses.

Tais aspectos comportamentais, moderados ou humanitários, são vistos pela tríade como “fraquezas” do Ocidente. Civilização democrática, para eles, seria um sistema “decadente”.

Pouco importa a morte de milhares de pessoas, ou a submissão de povos inteiros, desde que alcancem seus objetivos. Assim funcionam os sistemas autoritários. O jogo é pesado. E jogado impiedosamente.

Enfim: o apoio norte- americano a Israel expõe uma contradição. Os americanos, por um lado, condenam o imperialismo e o expansionismo selvagem russo.

Mas, por outro, apoiam o mesmo comportamento vindo de Israel, em relação aos palestinos. Não seria coincidência a posição equidistante européia, nessa questão. Há, efetivamente, uma rachadura na aliança ocidental.