Ordem do Dia 26/04/25

Diante da prisão do  ex-presidente Fernando Collor, alguns podem pensar: "que saudades do meu corrupto de estimação"! Há explicação.

A corrupção, no Brasil, tem um caráter histórico, cultural, estrutural e recorrente. Mas nem sempre foi um tipo de crime organizado. 

Talvez a literatura explique melhor que algumas teorias. O clássico "Memórias de um sargento de milícias" seria uma dessas obras que revelam o DNA da corrupção brasileira. 

Poderia ser mais esclarecedora que qualquer compêndio sobre o patrimonialismo ibero-americano. 
Mas houve época em que a corrupção tinha nome, sobrenome e era atribuída pessoalmente. 

Quem se lembra do verbo "malufar"? Ou o "rouba, mas faz", referente a Ademar de Barros? E quanto à Orestes Quércia? O fenômeno Newtão? Culpados, ou inocentes, gozavam de estrondosa reputação. 
Mas tudo mudou. 

O descalabro revelado por organizações criminosas, que protagonizaram o "mensalão", ou o "petrolão", deu novo tom ao velho hábito. Tornou-se institucional, mafioso. O último escândalo do INSS mostra isso. 

A corrupção individualizada acabou. Assumiu nova escala. Collor seria um dos últimos corruptos que, assim como os batedores de carteira, seriam emblemáticos. 

Ambos parecem ter desaparecido. Juntamente com a malandragem romântica. Nossos bandidos são cada vez mais perigosos e assustadores. 

O velho Gino Meneghetti é só uma lembrança, para poucos. De antigo ladrão,  evocaria a imagem de "Bom malandro". Baixa periculosidade. Hoje a bandidagem é diferente.

Dominam territórios, atividades comerciais, empresariais, partidos políticos e até possuem "tribunais do crime". Muitos dispõe de mandatos ou altos cargos públicos. Novos tempos.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com