Ordem do Dia 25/03/25

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia

Mar 25, 2025 - 08:49
Ordem do Dia 25/03/25

Logo no início da tragédia da pandemia, Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, se destacou.

Se posicionava como um médico diante de uma doença. Desenvolvia um discurso científico e equilibrado, em meio à irracionalidade do governo bolsomita. Não durou muito. 

Entretanto, uma fala atribuída a  Mandetta, ainda quando parlamentar, explica o ódio existente contra advogados, em geral. Assim como às carreiras correspondentes. 

Advogados, juízes, promotores e congêneres, são especialmente odiados por membros de carreiras que detinham muito poder, e atenção, antes do advento do Estado de Direito. Resultante da democracia, da Constituinte e da Constituição de 1988. 

Nessa fala, exercendo grande menosprezo, Mandetta se referiu "à turma do fundão" das salas de aula. Aqueles bagunceiros, de inteligência duvidosa.  Invariavelmente, iriam estudar Direito e se tornar advogados. Ou seguir uma das odiosas e desvalorizadas carreiras correspondentes. 

Os mais aplicados, "as joias da coroa", seriam médicos, engenheiros, oficiais das forças armadas, empresários e empreendedores. 

Já os inúteis, e disfuncionais, seguiriam as carreiras de atores, artistas, prostitutas e talvez professores. 
Essa seria a visão dominante. 

Qual não foi a surpresa de tiranos e tiranetes, vestidos de farda, avental branco ou capacetes de engenheiros, quando se viram à mercê das leis e de seus executores. Pânico. A turma do fundão estava por cima. 

É certo que o ativismo judicial, e a proverbial impertinência do Ministério Público, associada ao comportamento duvidoso de muitos advogados, têm gerado danos às carreiras jurídicas. O que só faz aumentar o ódio dos destronados. 

Essa perseguição ao Judiciário, de certa forma merecida, esconde uma sistemática disputa pelo poder. E grande inveja da "turma do fundão". 

Há que se corrigir os excessos, especialmente os salariais e os abusos de poder. Mas suprimir o Estado de Direito, por conta desse ódio, significa descartar a criança após o banho, juntamente com a água suja.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com 

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