Ordem do Dia 25/03/25
Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia

Logo no início da tragédia da pandemia, Luiz Henrique Mandetta, então ministro da Saúde, se destacou.
Se posicionava como um médico diante de uma doença. Desenvolvia um discurso científico e equilibrado, em meio à irracionalidade do governo bolsomita. Não durou muito.
Entretanto, uma fala atribuída a Mandetta, ainda quando parlamentar, explica o ódio existente contra advogados, em geral. Assim como às carreiras correspondentes.
Advogados, juízes, promotores e congêneres, são especialmente odiados por membros de carreiras que detinham muito poder, e atenção, antes do advento do Estado de Direito. Resultante da democracia, da Constituinte e da Constituição de 1988.
Nessa fala, exercendo grande menosprezo, Mandetta se referiu "à turma do fundão" das salas de aula. Aqueles bagunceiros, de inteligência duvidosa. Invariavelmente, iriam estudar Direito e se tornar advogados. Ou seguir uma das odiosas e desvalorizadas carreiras correspondentes.
Os mais aplicados, "as joias da coroa", seriam médicos, engenheiros, oficiais das forças armadas, empresários e empreendedores.
Já os inúteis, e disfuncionais, seguiriam as carreiras de atores, artistas, prostitutas e talvez professores.
Essa seria a visão dominante.
Qual não foi a surpresa de tiranos e tiranetes, vestidos de farda, avental branco ou capacetes de engenheiros, quando se viram à mercê das leis e de seus executores. Pânico. A turma do fundão estava por cima.
É certo que o ativismo judicial, e a proverbial impertinência do Ministério Público, associada ao comportamento duvidoso de muitos advogados, têm gerado danos às carreiras jurídicas. O que só faz aumentar o ódio dos destronados.
Essa perseguição ao Judiciário, de certa forma merecida, esconde uma sistemática disputa pelo poder. E grande inveja da "turma do fundão".
Há que se corrigir os excessos, especialmente os salariais e os abusos de poder. Mas suprimir o Estado de Direito, por conta desse ódio, significa descartar a criança após o banho, juntamente com a água suja.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com
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