Ordem do Dia 23/08/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Em longa matéria, o Estadão repercutiu o mesmo assunto de nossa última postagem: a venda das estatais mineiras.
A reportagem destacou a PEC proposta por Zema, cujo objetivo seria mudar a Constituição mineira, de modo a garantir uma venda rápida, obscura e sem maiores discussões. E foi além: informou o desacordo ocorrido entre Zema e seu líder na Assembleia, deputado João Magalhães.
O deputado, tendo em vista que a privatização da CEMIG, COPASA e CODEMIG seria para acertar a bilionária dívida do Estado de Minas com a União, que teria ultrapassado os 160 bilhões de reais, propôs incluir a União entre os possíveis adquirentes das empresas, realizando a “federalização” das mesmas.
Zema, imediatamente, desautorizou seu líder. O governador quer colocar as empresas em leilão, junto à iniciativa privada. Em resumo: Zema quer ver a “cor do dinheiro”, ou “por a mão na grana”.
O mesmo comportamento verificado quando do acordo bilionário com a Vale. Na ocasião, Zema classificou os deputados estaduais de “vagabundos”, num programa de rádio, por terem realizado o acordo de modo transparente, com a participação da Vale, do Judiciário, do Ministério Público, da Assembleia e dos municípios mineiros.
Zema queria controlar, sozinho, o resultado dos recursos bilionários, destinado pela Vale ao Estado. Sujeito guloso. E agora, a mesma coisa.
Não quer saber da participação da União numa possível negociação, pois a federalização implicaria na manutenção das empresas como estatais, evitando leilões, comissões, “começões”, etc.
Mas se as empresas forem negociadas pelo mesmo valor, qual seria a diferença? Que diferença faz, para o vendedor, quem adquire seu produto, se o preço for o mesmo?
Essa seria uma boa pergunta… Mas o perfil dos negócios de Zema mostram seu próprio perfil: Zema é proprietário de inúmeras lojinhas, espalhadas pelos pequenos municípios mineiros. Fez fortuna fazendo “negocinhos”, mas nunca liderou grandes organizações, sejam públicas ou privadas.
O resultado disso seria sua administração ruinosa no Estado e nas suas estatais. Finalmente, o proprietário de milhares de “negocinhos” tem a oportunidade de realizar um “negoção” bilionário.
Com todas as “vantagens” que isso pode representar. O homem é guloso… Quer controlar, sozinho, o resultado da venda. Quer ver a “cor da grana”, ou por a mão na “bufunfa”. Por que será?
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com