Ordem do Dia 23/05/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

A decisão de Noruega, Irlanda e Espanha, apoiando a criação de um Estado palestino, reacende uma questão antiga – mas em novo contexto.

Desde 1948 que se espera a oficialização desse Estado, na esteira da criação de Israel, por obra e graça das Nações Unidas. Até hoje não ocorreu. Ainda que tenha o suporte oficial da ONU e o apoio formal de, a partir de agora, 143 países.

Sem entrar no mérito das atrocidades, mutuamente cometidas, entre palestinos e israelenses, não haveria como defender a existência de Israel sem dar o mesmo tratamento à causa palestina. Pois, formalmente, resultam do mesmo ato da ONU.

Aceitar Israel e, simultaneamente, negar legitimidade ao Estado palestino seria o que se chama de “contradictio in terminis”. Uma construção latina que imputa um vício, insanável, a um certo tipo de pensamento contraditório. Qual seja: não vale nada.

Mas a adesão oficial da Espanha, à causa palestina, traz um conteúdo histórico adicional. Afinal, durante séculos, a Península Ibérica foi dominada pelos árabes.

A guerra de reconquista, daquele território, travada entre cristãos e muçulmanos, foi brutal. Essa adesão confere um certo desprendimento ético ao posicionamento espanhol.

Nunca foram serenos os relacionamentos entre europeus e árabes. As cruzadas são prova disso. Mas lá se vão alguns séculos de distância.

De todo modo, há uma publicação interessante, que expressa o ponto de vista árabe sobre o conflito. De autoria de um libanês, cristão maronita, escritor multipremiado, residente em Paris.

Logo, um adversário dos muçulmanos. Mas que conta as cruzadas de um modo diferente, apontando as crueldades dos europeus invasores, contra aquele povo. O nome do autor é Amin Maalouf.

“As cruzadas vistas pelos árabes” nos ajuda a compreender um desatino histórico, que ainda persiste. Com alto grau de brutalidade, violência e incompreenção mútua. Para desconforto geral, mundo afora.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com