Ordem do Dia 23/02/24

continua depois da publicidade

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

A ação terrorista, de autoria do Hamas contra Israel, tendo como resultado mais de mil mortos e centenas de feridos, sequestrados, estupros e destruição de propriedade, parece ter um vencedor e dezenas de milhares de outras vítimas.

O vencedor seria o próprio Hamas, ainda que possa desaparecer em razão disso. As outras vítimas, a população civil palestina.

O aspecto insólito, disso tudo, seria a desastrada ação do governo Netanyahu, que teria auxiliado a vitória terrorista. Como? Parece simples a explicação e teria dois momentos.

Primeiro, ao falharem na segurança das fronteiras israelenses e na inteligência estratégica, pois foram pegos de surpresa, nos dois aspectos.

Em seguida, sua reação desproporcional, violenta e mal orientada, trouxe a condenação internacional. Uma curiosidade histórica se apresenta, nesse desfecho.

Um brasileiro, Oswaldo Aranha, presidiu a reunião da ONU que deliberou pela criação dos dois Estados, o palestino e o israelense, ainda em 1948.

E foi no Brasil, na reunião dos chanceleres do G-20, em 2024, que lograram um notável consenso: chancelar, finalmente, a criação do Estado palestino, a parte que falta da deliberação inicial.

Tal consenso teria sido enunciado pelo próprio Blinken, chanceler dos EUA. Não tendo sido refutado por nenhum dos presentes. Bingo.

O direito, dos palestinos terem o próprio Estado, seria equivalente ao mesmo direito, concedido aos israelenses. Seria difícil discordar desse enunciado.

Entretanto, restaria um certo efeito acessório desse consenso do G-20. A inutilização instrumental, tanto do Hamas quanto do Hezbolah, caso efetivamente criem o Estado palestino.

Para que serviriam, então, semelhantes organizações terroristas? Não teriam a menor legitimidade. Outros efeitos acessórios seriam o aprofundamento do isolamento do Irã.

E a possível libertação territorial, do Líbano, dos “encostos” conhecidos por Hezbolah e outras organizações palestinas, congêneres.  Parece um negócio bom pra muita gente.

Ainda que Netanyahu discorde. Entretanto, vale um alerta: esse consenso, do G-20, contou com a concordância dos EUA, Reino Unido, União Europeia, Rússia e China, além de muitos outros. A quanto tempo não se vê algo do tipo? Quanto ao resultado final, veremos.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com