Ordem do Dia 22/12/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Há uma passagem no livro “Lanterna na popa”, de Roberto Campos, que seria emblemática. A então aguerrida parlamentar Margareth Tatcher, líder do partido conservador inglês, fazia severas críticas ao então primeiro-ministro, James Callaghan. Tatcher estava “com a macaca”. Afiada e impiedosa.
Ato contínuo, um grupo de jornalistas procurou Callaghan, em busca de uma resposta a tantas críticas. Respondeu o primeiro-ministro: “se essa senhora parar de falar mentiras a meu respeito, prometo não dizer uma única verdade sobre ela”.
Essa resposta “viralizou” na imprensa britânica. Seria um exemplo de uma resposta firme e polida, tipicamente britânica. No Brasil, também já houve elegância no debate entre os políticos.
Na primeira eleição para presidente da República, logo após a redemocratização, algumas passagens, entre os então candidatos, tornaram-se célebres. Mas esses tinham qualidades – que não mais existem entre nossos atuais representantes.
Na sequência dos absurdos retóricos de Lula e Bolsonaro, temos tapa na cara, confrontos desrespeitosos e grotescos entre os quadros da direita, comportamentos deletérios nos meandros da esquerda, motivados por mentiras, ignorância, vaidade e ambições desmedidas.
Nos últimos dias, tivemos, entre os políticos, demonstrações dignas das mais sórdidas prisões brasileiras. Onde muitos deles se sentiriam em casa.
Para completar, na Corte Suprema, Dias Toffoli continua a exibir um desempenho disfuncional, por um lado, e “picareta”, por outro.
Ao conceder benesses, da ordem de 1 bilhão de reais, para os magistrados; ao revogar uma multa de 10 bilhões, que os bandidos da JBS estavam condenados a pagar e ao anular provas consistentes da Lava Jato, de alcance internacional.
O que motivou, até mesmo, uma nota de repúdio da OCDE, o clube das maiores economias do planeta. Aqui, além das imposturas entre os políticos, temos a irresponsabilidade, a desfaçatez e a vaidade, de dimensões bíblicas, no Judiciário.
Estamos a assistir um verdadeiro “circo de horrores”. Não haveria palavras para descrever, ou explicar, semelhantes atitudes. Talvez somente palavrões poderiam se aplicar a tudo isso. Provavelmente, nem mesmo palavrões sejam suficientes…