Ordem do Dia 21/12/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Pesquisas realizadas nos EUA informam que, se a eleição fosse hoje, Trump venceria Biden na disputa. Além disso, Trump seria visto, pela maioria dos eleitores, como “moderado”.

O que justificaria o apoio de parte importante das comunidades negra (cerca de 20%) e latina (40%), à sua candidatura. Ainda que isso, aparentemente, não faça o menor sentido.

A reportagem do The New York Times, que trata dessas pesquisas, admite que parte importante da população vê Trump como “racista” e que seu governo teria sido “caótico”.

Especialmente durante a invasão no Capitólio, cujo equivalente brasileiro seria o 8 de janeiro. Todavia, ainda assim, Trump venceria as eleições, se fossem realizadas hoje.

Por que? A reportagem segue, oferecendo as explicações técnicas de praxe, que tentam perceber (principalmente compreender) o comportamento do eleitor.

Utilizando de uma sofisticação teórica, e logística, própria de pessoas que, nem de longe, se parecem com a grande maioria do eleitorado. Muito menos, pensam, ou vivem, como essa mesma maioria.

Em suas análises, os especialistas elaboram conceitos que são absolutamente estranhos ao imaginário popular. Seria razoável indagar se esses poderosos intelectuais estariam, realmente, enxergando a realidade com os olhos da população, da qual se ocupam.

E, desse modo, interpretando corretamente suas preferências eleitorais. Essa seria uma dúvida procedente. E, dependendo da resposta, uma situação preocupante.

Qual seja: a grande maioria da população teria, conforme o caso, um comportamento completamente imprevisível, refratário às interpretações dos analistas.

Haveria, nessa medida, variáveis intervenientes simplesmente desconhecidas. Que não fazem parte da equação dos analistas. Poderiam estar equivocados, ou até mesmo cegos para as nuances das massas.

Isso implica que, provavelmente, a nova perspectiva digital e tecnológica (redes sociais, etc) teria devastado os instrumentos, ou conceitos, normalmente utilizados para interpretação do comportamento eleitoral. Seria como tentar utilizar uma chave de fenda errada, no parafuso errado. Não funciona.

Se assim for, podemos aceitar o resultado das pesquisas como correto, considerando apenas os números. Mas deveríamos desconfiar, fortemente, das interpretações disponíveis.

Corremos o risco de estarmos percorrendo uma verdadeira “torre de Babel”, onde ninguém se entende.