Ordem do Dia 21/08/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Nos idos do século XVIII, um trecho da carta de Luís Vahia Monteiro, então governador do Rio de Janeiro, endereçada ao rei de Portugal, dom João V, teria decifrado o DNA das terras brasileiras: “Senhor, nesta terra todos roubam, só eu não roubo”.
Já Adriana Romeiro, historiadora da UFMG, foi mais além: observou que durante o período colonial brasileiro, enriquecer no exercício de um cargo público não constituía, por si só, um delito. A corrupção era esperada e, pasmem, aceita.
O período colonial já vai longe. Mas o hábito daquela época persiste. Durante muito tempo, as provas dos desvios de recursos públicos eram escassas. Mas ninguém punha a “mão no fogo”, defendendo a lisura das diatribes governamentais.
Todavia, desde o período petista, as evidências se sucederam: expuseram a máquina pública, em escala astronômica, servir de instrumento para a manutenção e enriquecimento dos que estão no poder. Sem qualquer pudor.
Isso gerou revolta. A operação “lava jato” apresentou as vísceras fétidas do poder. Em resposta aos “maus feitos”, depuseram Dilma e elegeram Bolsonaro: ex militar afastado, em desonra, do Exército.
Mas, na verdade, mais um velho político oriundo do Rio de Janeiro, Estado que viu, recentemente, quatro de seus ex governadores na prisão. Acusados de corrupção. O costume é forte.
E a aceitação da conduta corrupta continua. Mesmo pego em flagrante delito, juntamente com alguns cupinchas fardados, Bolsonaro segue sendo defendido por seus seguidores.
Afinal, dizem, que mal tem furtar um pouco ali e aqui? Já os petistas, por sua vez, atacam de “pixuleco”, velho costume. DNA persistente, esse. Não?
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com