Ordem do Dia 21/07/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
A fala de Lula, “agradecendo” a escravidão, apesar de polêmica, veio em boa hora. Pois, a começar do presidente, mostra o quanto o assunto é objeto de ignorância e preconceito.
A literatura sobre o tema, citando apenas alguns autores (Gilberto Freyre, Jacob Gorender e Laurentino Gomes), concluiu por duas teses: primeiramente, a escravidão não tem nada a ver com aparência (cor da pele), ou endereço (África).
Na forma em que se apresentou no Brasil, a escravidão é fruto de um fenômeno político e econômico, tendo como pano de fundo o colonialismo.
Resumindo: os escravos eram prisioneiros políticos, capturados, principalmente, em virtude de guerras tribais africanas.
Depois vendidos como despojos de guerra a escravistas europeus. Ponto final.
Associar escravidão à “raça”, conceito enganoso e inconclusivo, é coisa de racista.
Entretanto, numa coisa Lula quase acertou: devemos não agradecer, mas reconhecer, que sem a contribuição dos africanos escravizados não existiria um país chamado Brasil.
As principais atividades econômicas, desenvolvidas durante a colônia, se deram a partir da tecnologia africana: a saber, agricultura, pastoreio, mineração e metalurgia.
E, conforme Gomes nos adverte, os prisioneiros africanos eram selecionados, para vir para o Brasil como escravos, tendo em vista suas qualificações e competências. E não por causa de sua aparência, ou endereço.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com