Ordem do Dia 20/08/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.

O pronunciamento do presidente dos EUA, Joe Biden, por ocasião da convenção do Partido Democrata, foi de certa forma surpreendente.

Destoou, positivamente, em comparação a outras falas, imprecisas e confusas, que o levaram a desistir de concorrer à reeleição.

Esse fato nos permite uma especulação: uma vez livre das pressões, Biden reagiu e revigorou. Seu problema seria emocional e não cognitivo. Parecia outra pessoa.

A eleição nos EUA chama nossa atenção. Além de nossos interesses geopolíticos e econômicos, em relação aos EUA, há uma identidade entre nós, brasileiros, e americanos. Até por contraste.

De fato, estamos no mesmo continente, ambos fomos colônias de impérios europeus e temos uma certa história comum.

Efetivamente, também uma mútua curiosidade. Vide as obras de americanos escrevendo sobre o Brasil, e de brasileiros escrevendo sobre os EUA.

Podemos citar, como exemplo, Kenneth Maxwell, Thomas Skidmore, Luiz Alberto Moniz Bandeira, Larry Rother, entre outros.

Entretanto, começamos a tecer algumas semelhanças políticas com os americanos mais recentemente, em virtude da polarização política, tanto lá, quanto aqui.

A adesão dos bolsonaristas ao modelo Trump – e a rejeição petista aos EUA, em geral, mostra uma ligação bizarra entre os dois países. Talvez um tanto doentia e infantil.

Entretanto, a democracia norte-americana, de dimensão continental como a nossa, nos faz buscar semelhanças e analogias. Até para traçar estratégias, com base nas experiências vividas ao norte.

E o mais importante: tanto, aqui, quanto lá, o eleitorado médio apresenta pequeno interesse por assuntos políticos mais elaborados. Bem como grande dificuldade em estabelecer ponderações estratégicas.

É um tal de “nós e eles” insuportável. Cujo reflexo seria a exacerbação do ódio. Lá é cá. Seria pedir muito dar mais atenção aos nossos interesses comuns?

E relevar um pouco nossas diferenças? Isso se chama boa vontade. E os ensinamentos bíblicos, pelo menos, reservam um destino de paz e prosperidade aos “homens de boa vontade”. Questão de fé.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com