Ordem do Dia 19/02/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Nota conjunta, da lavra dos clubes militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, inaugura novo capítulo da novela político-militar, em curso.

A nota tratou de defender os militares, envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado. Alvos de operação da Polícia Federal, alguns deles presos.

Segundo os clubes militares, as provas seriam “pouco sustentáveis”, diante da sólida trajetória profissional dos militares envolvidos.

A ideia seria bizarra: o suposto bom desempenho profissional, no passado, isenta eventuais meliantes de qualquer culpa, para sempre. Permitam-me uma sonora gargalhada.

Alguns dos mais hediondos crimes cometidos, ao longo da história, foram perpetrados por homens de uniforme, que se diziam “militares”, “patriotas”, ou algo do gênero.

Alguns deles com sólida e reconhecida carreira. O exército nazista seria um exemplo coletivo. Mas há exemplos individuais.

Hitler, Stálin, Fidel Castro, Mussolini, Chaves, Pinochet, Muammar Gaddafi, Idi Amim Dada, Saddam Roussein e, até mesmo, o gordinho biruta da Coréia do Norte, sempre estiveram às voltas com uniformes.

Trocando em miúdos: o hábito não faz o monge. Suas ações dizem mais. E dizem tudo. Desde o malfadado atentado à bomba, no Riocentro, outra tentativa “Tabajara” de militares “patriotas”, que a confiança na eficiência militar se vê abalada. Especialmente no Brasil.

A risível articulação golpista, da qual tanto se fala, seria ridícula, não fosse criminosa. A revolta, ou oposição, em relação aos criminosos esquemas petistas, não autoriza a prática de outros crimes.

Sejam, ou não, fardados os seus autores. Também não estariam isentos de culpa eventuais criminosos, trajados de beca, que atuam em algum tribunal.

Repetindo: o hábito, o uniforme ou a beca, não seriam salvo conduto para ninguém sair barbarizando por aí. Quanto a essa curiosa nota de defesa, dos clubes militares: “fala sério, véi!”

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com