Ordem do Dia 16/10/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Na última sexta feira, 13 (!!) deste mês, esta coluna repercutiu um projeto de lei, objetivando proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Por várias razões, esse projeto foi considerado “perda de tempo” e de conteúdo “simbólico” ou meramente ideológico. Além de alinhar o Brasil aos países mais atrasados do planeta.
No dia seguinte, coincidentemente, uma “influencer” gay suicidou-se em São Paulo. Karol Eller, bolsonarista militante, polêmica e ligada à família do ex-presidente, teria tirado a própria vida, após fracassar numa tentativa de “cura gay”, promovida por razões religiosas.
Essa “cura gay” é considerada uma prática obtusa e anti científica, sendo proibida por instituições ligadas à saúde mental. Mas as religiões são, comumente, refratárias às posições científicas.
Giordano Bruno e Galileu Galilei que o digam. Entretanto, nesse caso em particular, um pastor evangélico estaria orientando a jovem no seu caminho de “cura”. Trilha que se revelou mortal.
O cristianismo, em tese, teria um conjunto de valores que prega o acolhimento, o não julgamento, o perdão e o amor incondicional. Isso implica na aceitação das pessoas como são. Certo?
Entretanto, parcelas expressivas de praticantes de religiões, autodenominadas “cristãs”, reservam aos gays um lugar especial no seu inferno. Tentando, sistematicamente, sua “conversão” sexual.
Mas, afinal, por qual razão? O que pretendem com isso? Trata-se de uma conduta claramente contraditória. Para dizer o mínimo. Essa “onda conservadora” arrebatou multidões, que buscam formatar o mundo conforme seus interesses. Seja nas religiões, no Estado, no ambiente educacional, cultural ou de negócios.
O que mais assusta é a convicção desse pessoal: eles não têm qualquer dúvida e não admitem questionamentos baseados na lógica, na razão ou nos fatos. Simplesmente, não respeitam escolhas que julgam erradas.
Praticam uma conduta inflexível, intolerante e radical. Seria esse um comportamento adequado às práticas religiosas? Ou ficaria melhor entre os membros de aparelhos terroristas?
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política. E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com