Ordem do Dia 16/01/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

A escolha de Lewandowiski para o ministério da justiça, traz uma série de indagações. A primeira questão seria a de sempre: poderia ser pior? Seguramente.

Uma das candidatas à vaga, Gleisi Hoffman, se assumisse o cargo, traria uma instabilidade política enorme a um setor delicado, do governo federal.

Foi-se o tempo em que esse ministério tinha o perfil de personagens amenos, e funções convencionais, como no período de José Gregori.

Basta verificar três, entre os últimos ocupantes da pasta – e sua principal pauta atualmente: todos três ex-ministros (Moro, Anderson Torres e Dino) foram alvos de intensas polêmicas, tendo um deles sido até preso.

Quanto à principal atribuição do ministério, hoje, não poderia ser mais explosiva: cuidar da segurança pública. Já imaginaram Gleisi Hoffman nessa função?

Vista como a Zambelli da esquerda? Que só falta perseguir o ministro Haddad, de arma em punho? Poisé…  Todavia, Lewandowiski traz um gosto amargo ao Planalto.

O sabor da promiscuidade entre o Executivo federal e o Poder Judiciário. O que piora com a ida de Dino, para o STF. No passado, no Antigo Regime francês, essa mesma promiscuidade trouxe grande vergonha ao Judiciário daquele país.

A ponto da Revolução Francesa ter reduzido o Judiciário a um poder de “segunda classe”, objeto das maiores desconfianças.

Essa reprimenda durou do século XVIII até o governo De Gaulle, no século XX, salvo engano. Um “puxão de orelhas” histórico.

Lembram- se do comportamento de Lewandowiski durante o processo do “mensalão”? O primeiro grande escândalo petista? E do que veio depois? Lembram-se das críticas de Arnaldo Jabor a esse homem?

Mais do que gosto amargo, Lewandowiski traz ao Planalto a sensação de “dèjá vu”. No mal sentido: “já vi, deu errado e não gostei”.

Seguida de uma grande ressaca. O que sempre vem acompanhado de enjôo. Além do desejo de não passar, novamente, por semelhante experiência.