Ordem do Dia 15/07/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

O mais novo imbróglio entre o governo Lula e a direita bolsonarista diz respeito às escolas “cívico militares”, programa encerrado sem muita explicação.

Essa iniciativa, de Bolsonaro, tinha como meta colocar 216 escolas públicas sob gestão militar. O Brasil possui 178 mil escolas públicas. Donde vem a pergunta: qual seria o objetivo desse programa? Possuiria um escopo pedagógico ou ideológico?

Algumas das melhores escolas brasileiras são militares. Os institutos de engenharia IME, do Exército e o ITA, da Aeronáutica, estão no topo do ranking nacional, por exemplo. Mas são exceções. Não a regra.

O principal problema brasileiro, de longo prazo, é a educação. Temos um índice de analfabetismo funcional superior a 70% da população, segundo diversas pesquisas, inclusive da OCDE, organização internacional, que reúne as economias mais avançadas do planeta.

Tal problema existe, talvez, pelo fato dos trabalhadores da educação estarem entre os profissionais menos valorizados do país.

Assim como os alunos das escolas públicas, do Brasil, têm tido os piores desempenhos em avaliações escolares, segundo rankings especializados. Atrás dos estudantes da Etiópia, por exemplo, um dos países africanos mais pobres do mundo.

Não serão bandeiras ideológicas, de qualquer tipo, que resolverão um problema dessa proporção. Novamente, esse imbróglio é mais uma conversa fiada, equivalente aos debates que se deram em torno de vacinas, máscaras, urnas eletrônicas, cloroquina, etc.

Diversos governadores resolveram se rebelar e manter o programa sob a direção das respectivas polícias militares, ou equivalente.

Demorou, mas a educação virou “caso de polícia”. Como os antigos da minha terra diziam: se chover cangalha, não vai faltar quem possa usar uma.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com