Ordem do Dia 14/02/24
continua depois da publicidade
Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
No famoso vídeo retratando a reunião ministerial, onde supostamente se delineou o golpe bolsonarista, há um momento de lucidez do próprio Bolsonaro. Seria quando faz sua auto-avaliação.
Bolsonaro considera sua eleição, para presidente, um evento extraordinário. Nas suas palavras, e bem ao seu estilo, “uma cagada”.
Pois o ex-presidente teria sido um deputado “do baixo clero”, “escrotizado” (seja lá o que isso quer dizer), de ações irrelevantes e desimportantes. Não teria estofo para se tornar presidente da República. Não haveria lógica na sua eleição.
Bolsonaro demonstra um raro momento de auto-crítica e o quanto avaliava mal a si mesmo. De fato. Não haveria como discordar dessa avaliação. Espelha fatos incontroversos.
Bolsonaro não teria sido caudatário dos próprios méritos, para chegar onde chegou. Mas tributário da grande rejeição ao Lulo-petismo e suas mazelas, definidas pela corrupção, arrogância, mentiras e propinas.
Por isso, Bolsonaro jamais teria assumido o papel de presidente, pois nunca se achou à altura de governar. Tratou, então, de alimentar a doença que o levou onde estava: a polarização política.
E, de quebra, gestar um “plano b”: o golpe. Parece que burro o homem não é. O “mito” viveu, da infância à juventude, os áureos tempos da Ditadura. Formou-se nessa aura.
De repente, o sonho desvaneceu. Veio a democracia e o “cavalão” (apelido de Bolsonaro na academia) viu-se perdido no pasto da mediocridade. Rebelou-se, deu-se mal, tendo sido posto para fora do Exército, pela porta dos fundos.
Realizar o golpe, e reinstalar a Ditadura, seria um sonho de infância do ex-presidente. Assim como todos os sonhos pueris, um amontoado de crenças infantis, imaturas e delirantes. O resultado não poderia ser outro.
Entretanto, como adulto, não será perdoado. Terá que prestar contas.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com
