Ordem do Dia 13/01/25
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Mário Frias, deputado federal pelo PL, ex-ator da Globo e ex-secretário da cultura do governo Bolsonaro, tem usado as redes sociais para criticar o filme brasileiro “Ainda estou aqui”. Além de desvalorizar a premiação de Fernanda Torres.
Que, além do título, teria somado 1 milhão de dólares, em diferentes mimos, beneficiando a atriz. Não é pouca coisa.
Haveria uma flagrante contradição nos termos dessas críticas. Um ex-secretário da cultura, e ex-ator, antagonizando uma conquista de uma atriz, no campo da cultura.
Alguns críticos foram pelos caminhos das “fakes”: acusaram a película de ser patrocinada pela “Lei Rouanet”. Não foi.
Já Frias trilha não apenas os rumos da contradição. Mas sobretudo do negacionismo.
Nega a existência histórica da ditadura militar pós-1964, com o objetivo de desvalorizar essa filmografia. De quebra, fazendo “tábula rasa” de toda produção literária, acadêmica e jornalística sobre o período. Nega toda a memória. Um espanto.
Isso acontece, justamente, quando foi divulgado, oficialmente, o registro de centenas de certidões de óbito, de desaparecidos políticos. Frias, nessa medida, nega a memória de pessoas falecidas e o luto de suas famílias
Finalmente, o que Frias não entendeu, em sua bisonha tentativa, seria que a ditadura é apenas o pano de fundo da história de uma mulher guerreira.
Uma, entre tantas, que se dedicou à família em meio a provações. A política é incidental, no contexto. Eis o fundamento da obra.
Mas vivemos tempos em que a estupidez é monumental. E, como sempre, a burrice é invencível. Ou melhor: inconvencível.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com