Ordem do Dia 10/01/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Segue viva a CPI para investigar as ONG’s, que atendem à população de rua de São Paulo. Também conhecida como “CPI contra o padre Júlio Lancelotti”.

Esta coluna já tratou do assunto, concluindo pela aparente inutilidade da iniciativa, vez que não procura resolver, mas apenas “revolver” politicamente o problema. Qual seja: a situação da população de rua, drogados, mendigos, abandonados e perdidos.

Essa questão, historicamente, começou a tomar forma institucional ainda no século XVI, na Inglaterra, com o famoso movimento das “enclosures”.

Que nada mais foi que a expulsão de grandes massas rurais do campo, devido à privatização das terras comunais. Marcando o início do fim do Feudalismo.

Dezenas de milhares se dirigiram para as cidades, tal qual uma espécie de “retirantes” nordestinos. A maioria foi absorvida pelo nascente capitalismo inglês, formando a classe operária e formatando a burguesia industrial.

Mas muitos não se adaptaram, perdendo sua identidade e seu equilíbrio social, vindo a se tornar párias, ou os conhecidos “intoleráveis”. Algo semelhante vemos hoje nas “cracolândias” da vida.

No século XIX, esse problema tornou-se tão grande na Inglaterra, que criaram as famosas “leis contra a vadiagem”, em alguns fundamentos ainda vigentes. Que, no limite, resultavam na eliminação dos “vadios”.

Parece evidente a dimensão complexa do problema. Não será uma CPI municipal que irá resolvê-lo. Mas tem um mérito: levantou a questão.

A simples visão dessa população de rua seria ofensiva, do ponto de vista humanitário. E nos lembra onde qualquer um de nós pode chegar. Passou da hora de tratar seriamente esse imbróglio. A primeira questão, seria equacionar as razões de tamanha decadência humana. Isso poderia ser evitado?