Ordem do Dia 09/11/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

A economista italiana Clara Mattei, que se prepara para lançar seu livro no Brasil, aborda um tema delicado. A autora denuncia o conteúdo ideológico da austeridade fiscal, associando essa prática ao fascismo.

Lembrando, austeridade fiscal teria como fundamento a ideia do país não gastar mais do que arrecada. Caso contrário, incorrerá em endividamento. Não é um adágio ideológico: trata-se de pura matemática. “Ninguém dá o que não tem”. Se o faz, tira de alguém, ou de algum lugar. Endividando-se.

Um outro autor, Ernesto Laclau, bebendo das fontes dos mestres Gino Germani e Torcuato di Tella (italianos radicados na Argentina), discordaria de Mattei. Laclau é lembrado como uma autoridade acadêmica, que discute o fenômeno populista, a partir das experiências de Perón e Vargas, na Argentina e no Brasil.

O Brasil, jamais realizou seu potencial, permanecendo “deitado em berço esplêndido”, ou trôpego, tal qual um bêbedo embevecido pelas supostas maravilhas que detém.

O caso argentino, ainda pior, seria de pura decadência: de sexta economia mundial, com a maior renda “per capita” do planeta, hoje pratica o calote, esmolando empréstimos internacionais. E vê-se na iminência de continuar como está, elegendo Massa, ou optar por um maluco disfuncional, chamado Milei.

De certa forma, nos lembra dos dois últimos episódios da eleição presidencial brasileira. Ambos os países teriam sofrido, historicamente, da síndrome populista.

Milagres pertencem às intervenções divinas. Não há, em parte alguma, um economista canonizado, beatificado, santificado, ou coisa que o valha.

Basicamente, “não há almoço grátis”. Alguém tem que bancar a despesa. Há exemplos de populismo de esquerda igualmente catastróficos, aqui mesmo na vizinhança. Vide Venezuela e Cuba, outros casos de decadência econômica, promovidas pelo populismo endêmico.

O tema é recorrente. Se tivemos o “pêndulo de Foucault”, temos agora o pêndulo de Lula, que voltou a defender a austeridade fiscal e o déficit zero. Até Lula, às vezes, se rende aos fatos.

Que me perdoe a jovem economista italiana. Mas gastar mais do que se ganha, em algum momento, causa a ruína do perdulário. Seja pessoa física ou jurídica. E la nave va…