Ordem do Dia 06/07/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

“Meus heróis morreram de overdose”. Esse verso do cancioneiro popular reflete a desilusão de uma época. O desapontamento de uma geração que acreditou num mundo melhor, a partir de reintegração das liberdades artísticas no Brasil, com o advento da redemocratização dos anos 1980.

Não foi tão bom quanto se esperava. Os “gorilas” foram embora. Mas outros seres grotescos se apresentaram na política. E as artes, lamentavelmente, vão mal, considerando o que já produzimos no passado.

Os heróis, no caso artistas, que morreram de overdose, prejudicaram, principalmente, a si mesmos, ainda que tenham nos privado de sua arte.

Já as figuras grotescas da política nos mataram de overdose. Mataram, principalmente, nossa esperança, nossa credulidade, nossa inocência. Com maciças overdoses de pilantragem.

O primeiro grande “pilantra”, da Nova República, teria sido Fernando Collor, com seu esquema com PC Farias, que acabou resultando no impeachment de um e no assassinato do outro.

Seguiu-se a pilantragem petista, proporcionando cadeia para Lula e impeachment para Dilma. Agora vem à tona, com o indiciamento feito pela Polícia Federal, a pilantragem pé-de-chinelo de Bolsonaro, “et caterva”, recheada de fraudes, lavagem de dinheiro, furto, e “rachadinhas”. Essa última, uma prática familiar antiga.

Seria certo dizer que o esquema petista alcançou dimensões históricas, com repercussão internacional. Algo impressionante, emoldurado até pela execução de prefeitos.

Mas a vergonha bolsonarista não seria menor. Até para roubar mostraram sua pequenez. Coisa de malandro carioca. Típica cultura do presídio de Bangú.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com