Ordem do Dia 06/05/24
continua depois da publicidade
Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Coincidência, ou não, o articulista Fabiano Lana repercutiu, no Estadão, o mesmo tema tratado na última Ordem do Dia: a comemoração do Dia do Trabalhador, na qual Lula compareceu.
Fez o mesmo raciocínio da coluna: anotou a pequena presença do público, comparou o Lula atual com o dos anos 1970/80, mencionou o show da Madonna em Copacabana, traçando um paralelo.
E ainda: citou a mesma hipótese aqui mencionada. Qual seja: a esquerda petista não mais possuiria uma comunicação eficaz, com a maioria das pessoas.
Não se faz entender e não defende mais teses aceitáveis. Fruto de sua incompreensão da realidade atual. Se o articulista leu a coluna, aceitamos a coincidência como um elogio. Se não leu, seria ainda melhor: não estamos sozinhos. Mais alguém pensa do mesmo modo.
Mas o homem foi além: deu números à comparação. Considerando os gastos de um e de outro evento (ambos patrocinados com recursos públicos), uma Madonna valeria 40 Lulas.
Simples: cada pessoa presente ao evento de Lula (cerca de 1.600 pessoas, segundo o monitor da USP), teria custado quase 2.000 reais aos cofres públicos.
Cada pessoa presente no show da Madonna (estimados 1 milhão de pessoas, ou mais), custaria 50 reais aos mesmos cofres públicos.
Entretanto, compareceram cerca de 1,6 milhão de pessoas. Os custos caíram e uma Madonna valeria mais de 60 Lulas, portanto. Ou cerca de 16 Bolsonaros, em termos numéricos.
Mas o evento da direita foi realizado com recursos privados. Com muito maior comparecimento. Ainda que a matriz fascista, da extrema direita, seja tão ultrapassada quanto o ideário petista, eles têm custado menos aos cofres públicos. Talvez isso explique alguma coisa.
Haveria também o fato das pessoas compreenderem mensagens baseadas na ideia de Deus, pátria e família. Seria mais palatável que apelos ligados a opção sexual, conflitos de raça ou de classe (“nós contra eles”), ou condutas identitárias, em geral, assuntos da esquerda atual.
O fato seria que o petismo está se comunicando mal. Ao contrário da Madonna. Tal como dizia Chacrinha, o velho guerreiro: “quem não se comunica, se trumbica”.
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com