Ordem do Dia 05/12/23

continua depois da publicidade

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

O Brasil é desigual de diversas maneiras. Isso nos faz lembrar uma frase de um escritor russo, Leon Tolstoi: “todas as famílias felizes se parecem, mas são infelizes de diferentes maneiras”.

O que sugere que a felicidade supõe uma certa isonomia, equilíbrio ou proporcionalidade. Já a desgraça seria bem mais versátil.

O PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados brasileiros foi divulgado. Haveria de tudo. Menos equilíbrio, ou proporcionalidade.

A pujança da economia paulista é por demais conhecida e dispensaria comentários. Assim como a concentração de renda que, no Brasil, chega a ser imoral.

Entretanto, haveria algumas notáveis distorções, não tão comentadas. Por exemplo: as economias de S. Paulo, Rio de Janeiro e Minas, somadas, seriam maiores que a soma das economias do restante dos Estados do país.

Por outro lado, as dez menores economias dos Estados brasileiros, somadas, equivaleriam à economia de Minas Gerais, sozinha. Dado impressionante, mostrando uma desigualdade intermediária, pouco comentada.

Pelo visto, a formulação conceitual de Edmar Bacha, classificando o Brasil como uma espécie de “Belíndia” (uma mistura da Bélgica com a Índia), ainda procede. E como…

Mas isso, apesar da tragédia que pode representar, nos daria um alento: na Índia, os setores atrasados de sua economia persistem no atraso, há tempos, sem solução. Em contrapartida, o atraso não foi capaz de engolir, ou colapsar, os setores mais dinâmicos de sua economia.

Seria correto acrescentar que a desigualdade indiana é muito mais dramática que a desigualdade brasileira. De muitas, e diferentes, maneiras mais – e vem perdurando por um tempo muito maior.

Qual seja: por piores que sejam as condições sociais e econômicas da Índia, sua vaca “ainda não foi para o brejo”.
Isso nos dá alguma esperança. Quem sabe, o tempo nos favorece, no futuro?

Entretanto, haveria uma variável a ser considerada: talvez a vaca indiana se mantenha incólume porque, na Índia, vaca é um animal sagrado.

Já no Brasil, frequentemente, vaca vai para a panela. E se depender do Lula, sob a forma de picanha, acompanhada de cervejinha. Sem cerimônia ou maiores formalidades…