Ordem do Dia 05/11/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.

O vai e vem do dólar, conforme varia a fala do ministro Haddad, confirma um único fato: a postura titubeante do governo favorece a especulação financeira. Sendo a taxa de câmbio seu termômetro imediato.

Na ausência do padrão ouro, ou de qualquer outro sistema de lastro cambial facilmente mensurável, o que determina o valor de uma moeda frente à outra?

Certamente, não seria a estética de sua impressão, ou as cores, empregadas num papel moeda. Então, o que seria? Se verificarmos uma nota de Real, por exemplo, veremos que ela não declara apenas um determinado valor.

Ela traz expressa a sua origem nacional, a autoridade monetária emissora, e registra a assinatura de alguém responsável.

Seria semelhante a um cheque que poderia ser emitido, por qualquer um que seja titular de conta corrente, em algum Banco em regular funcionamento. O que se espera desse cheque? Que tenha fundos. E se não tiver? Eis o busílis.

Se não tiver fundos, o cheque perde a credibilidade e passa a não valer nada. O mesmo ocorre com a moeda: se não tiver lastro, perde valor. No final, também nada vale. E qual seria o lastro?

Uma simetria, a mais perfeita possível, entre a soma da produção de riquezas do país que emitiu a moeda – o PIB – e o total de dinheiro que representa a produção dessas riquezas.

O desequilíbrio entre meio circulante e PIB gera moléstias financeiras, tais como a inflação ou a deflação. Sendo impossível medir precisamente esse equilíbrio, o valor da moeda reflete a credibilidade financeira de quem a emite.

Se o emitente não tem credibilidade, não tem fundos, ou lastro, o papel que assina não tem valor. O comportamento do emitente da moeda, ou do cheque, determina sua credibilidade.

Um sujeito, ou um governo, irresponsável, perdulário e gastador é mal visto pelo mercado. Que passa a buscar outras moedas para resguardar seu poder de compra.

Quando o dólar sobe, tal como vem subindo, significa que o mundo desconfia da seriedade financeira do Brasil. Fim da história.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com