Ordem do Dia 05/10/23
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Um dos aspectos da situação política brasileira, que seria conhecida por “polarização”, não recebe muita atenção: seriam os “maus modos” generalizados.
A avaliação, dos mais sábios, indica que a tal polarização política teria fundamento ideológico. Difícil discordar. Os maus modos, nesse caso, seriam tão somente uma ferramenta de intimidação do adversário.
Ainda que, no mundo político, seja possível constranger adversários de inúmeras outras formas. E com resultados provavelmente mais eficazes.
Entretanto, por qual razão a cordialidade parece ter desaparecido, não só do ambiente político, mas também entre pessoas que não seriam, necessariamente, adversárias?
Citar exemplos de condutas de terceiros, em ambiente privado, é sempre constrangedor. Mas todos nós temos notícias de conflitos embaraçosos em grupos de WhatsApp, por exemplo, embalados por “toneladas” de maus modos.
Até que ponto, por outro lado, os maus modos seriam combustível para realimentar a polarização política, ou condutas abusivas em geral?
Qual seja, até que ponto essa conduta odiosa, que fez da cordialidade uma espécie em extinção, seria mais do que parece ser? Não uma simples ferramenta de intimidação, mas um dos fundamentos de um comportamento cultural prevalente?
Os mais velhos, vizinhos da terceira idade, têm na lembrança um período mais cordial. Quando a ausência de “alta cultura”, ou a falta de educação formal, não implicava, automaticamente, em conduta grosseira ou aviltante. As pessoas, mesmo as mais simples, se tratavam melhor. Nos mais variados ambientes.
Atualmente, ser um boçal, ou um estúpido, tornou-se medida de valor. Cultuada por segmentos supostamente educados da sociedade brasileira.
Carlos Lacerda, ou mesmo Leonel Brizola, hoje em dia, correriam o risco de serem considerados “amenos”. Quem diria?
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política. E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com