Ordem do Dia 04/10/23

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

A notícia, oficial, do recente empréstimo de 1 bilhão de dólares, feito pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina à Argentina, teria o Brasil como principal protagonista. Embora a operação tenha sido aprovada pela grande maioria dos países participantes dessa instituição, o Brasil possui o maior peso entre os signatários.

E uma eventual negativa do Brasil inviabilizaria o aporte financeiro. Até porque a Argentina já teria “estourado” seu limite de crédito.

Esse recurso teria sido enviado diretamente ao FMI, o que permitiu à Argentina sacar outros 7,5 bilhões de dólares junto à essa outra instituição financeira.

No total, nossos parceiros do Mercosul estão devendo mais 8,5 bilhões de dólares. Todavia, continuam em situação muito difícil.

A decadência econômica da Argentina é histórica, seria um “case” de grande interesse dos economistas e historiadores, em geral, e motivo de inúmeros estudos acadêmicos.

Trata-se de um exemplo da ação nefasta do populismo, da irresponsabilidade política e da incompetência administrativa sobre a economia de um país, que já foi grande.

A Argentina teria ostentado a posição de sexta economia do mundo, com uma população diminuta, o que lhe proporcionou a condição de maior renda “per capita” do planeta. Desde então, nos últimos cem anos, os argentinos só fazem “descer ladeira”.

Como se não bastasse, novas catástrofes se apresentam. Especialmente a possibilidade da eleição de um candidato a presidente aparentemente disfuncional, Javier Milei, que prega teses extremistas – e exóticas. Tais como a extinção do Banco Central, a completa dolarização da economia argentina e a implosão do Mercosul.

O desespero dos argentinos pode levá-lo ao poder. Com isso, não se sabe se a situação do nosso vizinho, que já é muito ruim, poderá ter algum alento.

Mas, seguramente, se tornará ainda mais instável. De quebra, resta a advertência histórica: nada é tão ruim que não possa piorar.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG) e Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política. E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com