Ordem do Dia 04/05/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Depois do múltiplo fiasco na mobilização pública “em defesa da democracia”, o petismo sofre novo revés. Justamente na sua data mais emblemática: o primeiro de maio, feriado em homenagem ao trabalhador. Mundialmente reconhecido.

Com a presença de Lula, patrocínio da Petrobras, crime eleitoral favorecendo a pré campanha de Boulos, não deu certo. Não empolgou e o comparecimento foi pífio.

No final dos anos 1970, Lula no primeiro de maio era mais concorrido que Madonna em Copacabana. Qual a explicação?

No estudo da história, deve-se evitar o chamado “anacronismo”: que seria avaliar o passado com os olhos do presente. O que estaria ocorrendo com à esquerda petista seria o contrário: avaliar o presente com os olhos do passado.

O mundo mudou e, como diria o cancioneiro popular, “só Carolina não viu”. Lula III também não. A última pesquisa IPEC confirma isso: apenas 20% da população se identifica com a esquerda.

Em situações como essa, normalmente a resposta mais simples seria a melhor: simplesmente, a esquerda petista não está falando uma língua inteligível para a maioria das pessoas.

Certamente, o mérito não estaria com a extrema-direita, com seu papo truculento e negacionista. Mas “o jeitinho dela andar” tem comovido a maioria das pessoas, não só de Ipanema.

A idealização dos operários, sejam do campo ou da cidade, seria coisa do século XIX. Os trabalhadores não são mais os mesmos.

Desde a publicação do “Novo Estado industrial”, de J. K. Galbraith, o mundo sabe disso. A tecnoestrutura veio para ficar. Só Carolina não viu.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com