Ordem do Dia 04/04/24
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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia.
Poucos dias depois da The Economist, prestigiosa publicação inglesa, saudar as medidas de Milei, na Argentina, o economista brasileiro, José Roberto Mendonça de Barros, diz o oposto. Afirma que o plano econômico de Milei “vai naufragar”.
Mendonça de Barros, nascido em S. Paulo (mas criado em Pouso Alegre, MG, assim como seu irmão, Luiz Carlos), dispensa apresentações.
Integrante da equipe que forjou o Plano Real, bem sucedido na iniciativa privada, José Roberto tem o que dizer e o que mostrar. Mas a The Economist não seria menos respeitável. Então, como ficamos?
Se compararmos um e outro comentário, veremos que a abordagem da publicação inglesa seria um tanto quanto “barroca”: repleta de luzes e sombras, profusa em detalhes retóricos e teóricos, quase literários, com referências genéricas ao “mercado”, impressiona-se com os seguidos superávits primários argentinos e com a convicção política de Milei.
Num país que, nos últimos 123 anos, logrou superávits primários em apenas 23 exercícios fiscais (23 anos, em 123 possíveis), qualquer superávit se destaca. Até em caixa escolar.
Além do que, Milei teria a “ira dos justos”. Ao contrário dos carcomidos populistas portenhos. Parece coisa de santo, mas tudo bem.
Já o texto de Mendonça de Barros é pontual. Parece muito com um “check list “. Típico de um engenheiro que doutorou-se em economia.
Aponta os fundamentos macroeconômicos equivocados de Milei. Ou pior: a ausência de fundamentos reconhecíveis.
Como qualquer engenheiro que se presa, Mendonça de Barros vê as inconsistências estruturais do plano econômico de Milei.
Elementar: a política macroeconômica de Milei vai “ruir” porque se assenta em fundações podres. Não se sustentaria e não suportará o desgaste do tempo.
A The Economist nos apresenta uma paisagem econômica. Mendonça de Barros aponta os defeitos nas referências macroeconômicas do plano de Milei.
Seria melhor para os argentinos que Milei acertasse. Seria bom para nós também. Mas a simplicidade da explicação de Mendonça de Barros chega a ser assustadora.
Não haveria para onde ir, pois não há caminhos para trilhar, na direção adotada. Haveria somente um abismo, logo à frente. Será? Pobres hermanos…
* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com