Ordem do Dia 04/01/24

continua depois da publicidade

Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

“Carro híbrido. Você ainda vai ter um”. Esse aforismo, que se aplicou ao carro a álcool, há décadas, é a nova sentença da indústria automotiva nacional. E não parece ser passível de recurso. Não cabe apelação.

A nova medida provisória, que destina mais de 19 bilhões de reais em incentivos, para as montadoras instaladas no Brasil, que descarbonizarem as emissões de seus veículos, equivale à batida do martelo. Contra tanto dinheiro não há argumentos.

No melhor estilo preconizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o benefício será, pelo menos parcialmente, financiado pelo aumento de impostos, que deverá recair sobre veículos elétricos importados.

A medida provisória foi anunciada por Alkimin, o que traz importante conteúdo político, a ser analisado em outra oportunidade.

Esta coluna, em diversas oportunidades, se dedicou ao tema. Inclusive, através de nossas fontes da indústria de automóveis, publicamos um “furo” nacional, relativo ao anúncio do novo motor da Stellantis. Em desenvolvimento, há mais de dez anos, na fábrica da Fiat em Betim.

Esse novo propulsor, oficialmente lançado no final do ano passado, é movido exclusivamente a álcool, com um excelente consumo, devendo equipar os novos híbridos do conglomerado Fiat, Citroen, Peugeot, Jeep e Chrysler.

Esse motor apresenta um índice de descarbonização superior a 80%, rivalizando com o motor exclusivamente elétrico, sendo mais barato. Além do que, preserva o parque industrial automotivo e a rede de postos de combustíveis. Evitando gastos com a instalação de equipamentos para recarga elétrica.

EUA (na liderança mundial na produção e no consumo de etanol) e Índia, grandes produtores e consumidores do combustível verde, tendem a trilhar o mesmo caminho. Vai bombar.

O argumento definitivo, que pavimenta a iniciativa, seria o critério legal para se medir a descarbonização veicular. Não seria medida “do tanque à roda”, mas “do poço à roda”.

O que implica computar a descarbonização proporcionada pelo plantio dos insumos, destinados à produção do etanol. No caso, milho, cana e mandioca. O agronegócio agradece e se prepara para crescer ainda mais.

Esse programa corre o risco de ser um diferencial na economia brasileira, para desespero dos chineses. Os carros elétricos, majoritariamente produzidos na China, terão que esperar. Pelo visto, por um bom tempo.