Ordem do Dia 02/07/24

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Na coluna Ordem do Dia, o historiador, advogado e cientista Político Marco Antônio Andere Teixeira faz uma breve análise sobre fatos do dia. 

Artigo publicado no Estadão, de autoria de Luiz Guilherme Gerbelli, lança a seguinte questão: por qual razão o Brasil conseguiu controlar a inflação e a Argentina não?

Obviamente, porque tivemos o Plano Real, eles não. Então por que, simplesmente, não copiaram? Bem que tentaram algo parecido, mas nunca conseguiram.

Pelo simples fato de que não basta ter um plano econômico. Há que se ter também credibilidade. Eis o busílis. O que hoje é celebrado como a mais importante política pública, de caráter macroeconômico, já implementada na história do Brasil, o Plano Real deu-se no governo Itamar.

Mas seria resultado do trabalho de uma equipe que reuniu qualidades únicas, as quais, aparentemente, não se encontram disponíveis nesse “mar de jecas”, no qual navegamos, usando uma expressão de autoria do saudoso Paulo Francis.

Um mar de jecas polarizados, diga-se. Divididos tal como o Mar Vermelho, no ato bíblico de Moisés. E, tal como lá, ao centro um enorme vazio…

O que tivemos, desde a época de ouro do tucanato, foi uma sucessão de enganadores, despreparados ou com graves desequilíbrios mentais e morais.

Podem negar essa assertiva, mas não conseguem provar a negativa. Até rimou. E pode dar samba… O samba da lamentação.

A melhor resposta que já li, equacionando tal questão, foi publicada no jornal The New York Times, em 23 de maio de 1999, de autoria do jornalista Larry Rohter.

Graças às facilidades da internet, seria possível ler o texto com relativa facilidade. Há uma versão traduzida, em português, publicada no livro de autoria do mesmo jornalista.

Ainda mais interessante, vindo como uma espécie de “bônus” do referido plano, seria o efeito verdadeiramente social do Real.

Segundo Riordan Roett, especialista em hemisfério ocidental da Universidade Johns Hopkins, mais brasileiros foram tirados da pobreza, pelo plano real, que os beneficiados por essa ascensão, nos últimos 50 anos de história que o precederam.

Como diria Lula, dessa vez sem mentir: “nunca antes na história desse país…”. E segue o barco.

* Marco Antônio Andere Teixeira é historiador, advogado, cientista político (UFMG), pós-graduado em Controle Externo (TCEMG/PUC-MG), Direito Administrativo (UFMG) e Ciência Política (UFMG). E-mail: marcoandere.priusgestao@gmail.com