O semáforo de Carlos Lacerda sinaliza para Tarcísio de Freitas

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Semáforo é palavra grega composta por um sufixo – “sema” que significa sinal e “foros” que significa o que leva ou transporta, portanto, um sinal para o que se move, transita.

Na vida em sociedade há sinais para os que se movem, os que vivem e compartilham o espaço comum; um semáforo para a sociedade, um semáforo moral.

A ausência ou desprezo por ele é a rendição à barbárie, torna-se a construção do caos. O crescimento da barbárie policial em São Paulo parece um recado de Carlos Lacerda para Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.

Em 1962/63, feroz golpista de extrema direita, Lacerda, governador da Guanabara (hoje cidade do Rio de Janeiro), anunciou reprimir e retirar os mendigos das ruas. Mobilizou o SRM – Serviço de Repressão à Mendicância (!) da Secretaria de Segurança Pública, que colocou as mãos na “massa”.

Seus agentes prenderam mendigos e os jogaram no Rio Guandu e no Rio da Guarda com as mãos amarradas – nove deles morreram afogados. Há quem afirme que Lacerda não dera a ordem diretamente, mas os meganhas do SRM se sentiram autorizados a assassinar, jogá-los da ponte.

São Paulo hoje tem um Secretário de Segurança que se orgulha de matar pessoalmente pelo menos doze pessoas – bandidos segundo ele – “justiçadas”.

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As mortes por ação da polícia paulista cresceram quase oitenta por cento neste ano. Na tétrica repetição da história os meganhas de Tarcísio e seu secretário repetem os meganhas de Lacerda, jogam pessoas sobre a ponte para morrerem como no Guandu.

Na ditadura fascista desovavam cadáveres nos rios, mar e aterros, hoje no estado mais rico da federação desovam inocentes sobre as amuradas.

Os olhos de Lacerda piscam para a ambição patológica de Tarcísio de Freitas. Se Tarcisio, que incautos insistem em pintar como “um bolsonarista light”, não demitir seu terrível secretário de segurança, ele sinaliza como um semáforo fascista o que pretende para o Brasil.

Faz pouco tempo e a revista Piauí, em competente e robusta matéria do repórter João Batista Júnior, revelou mais de uma dezena de crimes atribuídos ao secretário Derrite, quando de sua passagem pelas fileiras da tropa da PM paulista. Não houve desmentido.

Em São Paulo a antiga cúpula policial, integrada por coronéis e delegados com bons perfis profissionais e sabidamente moderados, vem sendo alvo de intensa perseguição por parte de Derrite, deputado federal bolsonarista, de acentuado credo fascista.

Tentam transformar a mais preparada e bem equipada força policial do país em milícia tão ao gosto da família golpista.

O Brasil viu, estarrecido, a atuação facinorosa de alguns policiais paulistas. Quiçá, o sonho presidencial de Tarcísio de Freitas tenha sido jogado de uma ponte.

* Paulo Tadeu D’arcadia é médico veterinário, ex-prefeito de Poços de Caldas e fundador do PT