Músicas Para Fone de Ouvido 19/02/24
Na coluna Músicas Para Fone de Ouvido, o jornalista João Gabriel Pinheiro Chagas indica músicas para se apreciar com fones de ouvido, visando ter uma experiência musical transformadora e imersiva.
Já percebeu a diferença entre ouvir uma música em som ambiente e a mesma canção usando fones de ouvido? São vozes, sons, instrumentos e detalhes que certamente passaram despercebidos.
Se ainda não experimentou, não perca tempo e embarque nesta experiência fantástica que os fones proporcionam. Não é preciso nenhum equipamento sofisticado. Fones comuns já são suficientes para uma experiência musical das mais imersivas.
•Hypnotized – Fleetwood Mac
“Hypnotized”, do álbum “Mystery to Me”, de 1973, é uma joia escondida no catálogo da banda Fleetwood Mac. Composta por Bob Welch, a música tem uma atmosfera mística e melancólica, transportando o ouvinte para uma viagem sonora inesquecível.
A melodia suave e hipnótica cria uma sensação envolvente. A letra, poética e enigmática, fala sobre a fascinação por um amor distante e a sensação de estar sob um encantamento.
Repare na combinação do baixo e da bateria que tem a mesma batida ao longo de toda a música, com a guitarra e os teclados complementando um som perfeito.
•Welcome to the Machine – Pink Floyd
“Welcome to the Machine”, do icônico álbum “Wish You Were Here”, de 1975, não é apenas uma música do Pink Floyd, mas uma experiência sensorial e reflexiva. É uma critica contra a desumanização e alienação causadas pela sociedade industrializada.
A música abusa de sons industriais, sintetizadores e vocais distantes, criando uma atmosfera claustrofóbica e desolada.
O Pink Floyd apresenta um mundo onde as pessoas se tornam engrenagens do sistema e o som emoldura isto com maestria. O refrão homônimo é um dos ápices desta sensação.
•Numb – U2
“Numb”, do álbum Zooropa, de 1993, é uma canção do U2 que explora a temática da alienação e da busca por significado em um mundo cada vez mais caótico. A letra é densa e metafórica, repleta de imagens que evocam sentimentos de desconexão e apatia.
A música abre com um riff de guitarra melancólico e hipnótico, criando uma atmosfera sombria e introspectiva. A bateria e o baixo são pontos fortes, criando uma base sólida ao longo da canção.
O guitarrista The Edge assume os vocais apresentando uma versão propositalmente entorpecida e distante. “Zooropa”, inclusive, ficou famoso por contas das experimentações musicais, até então incomuns na discografia da banda.
•Baba O’Riley – The Who
“Baba O’Riley”, do álbum “Who’s Next” de 1971, é uma das músicas mais icônicas do The Who. Composta por Pete Townshend, a canção combina elementos de rock, ópera e raga indiana, criando uma sonoridade única e poderosa.
A música abre com um riff de guitarra memorável, que logo se junta a uma bateria explosiva e a um baixo imponente. Os vocais de Roger Daltrey são poderosos e expressivos.
A letra é uma crítica à sociedade da época, que era marcada pela guerra do Vietnã, pela pobreza e pela desigualdade. O Baba O’Riley do título é uma referência a figuras religiosas e históricas, como Meher Baba e Terry Riley.
“Baba O’Riley” é um hino atemporal e também a música de abertura da série “CSI”.
•Psicopata – Capital Inicial
“Psicopata”, lançada em 1986 no álbum de estreia do Capital Inicial, é uma canção que hoje em dia é menos conhecida, mas na época se tornou um hino da rebeldia juvenil.
Com letra visceral e melodia explosiva, a música retrata a raiva e a frustração de uma geração que se sentia marginalizada pela sociedade.
A letra, escrita por Dinho Ouro Preto, é carregada de ironia e sarcasmo. A melodia é rápida e enérgica.
Repare na bem sucedida mescla dos riffs de guitarra e da bateria marcante. É rock BR da melhor qualidade, como grande parte da produção musical do gênero nos anos 80.
* João Gabriel Pinheiro Chagas é diretor do Jornal da Cidade. E-mail: joaogabrielpcf@gmail.com