Morre aos 92 anos o mestre vidreiro Mario Seguso
Em Poços de Caldas, ele consolidou toda a tradição de séculos da arte em vidro de Murano
Morreu neste domingo, 14, em Poços de Caldas, o empresário e mestre vidreiro Mario Seguso, aos 92 anos.
O corpo foi velado entre a noite de domingo e segunda-feira, 15, e depois conduzido para Limeira (SP), onde foi cremado.
Mario Seguso nasceu em Murano, na Itália, em 1929. Ele é descendente de uma das mais antigas e famosas famílias ligadas ao vidro existentes em Murano, desde antes do ano de 1300.
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O mestre vidreiro estudou no Instituto de Arte de Veneza e se especializou em design e gravação em cristal.
Em 1949, abriu seu próprio ateliê em Murano, onde executa suas gravações para as mais conceituadas empresas especializadas no comércio do cristal artístico, como Salviati, Gino Cenedese e Fischer, fornecendo peças encomendadas especialmente para exportação, como também taças e troféus para importantes eventos e competições.
Em 1954, a convite da Cristais Prado S.A. – com sede em São Paulo (SP) – transfere-se para o Brasil, onde grava uma série de peças (taças e vasos) apresentadas na Grande Exposição Comemorativa dos 400 Anos da Fundação de São Paulo, realizada no Parque Ibirapuera.
Em 1965, ele mudou-se para Poços de Caldas, onde fundou com dois sócios a Cristaleria Artística Cá d’Oro. Dentro da própria fábrica, Mario criou a Oficina de Fogo e Arte para dar continuidade às pesquisas de novas formas e efeitos.
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A partir daí, dedica-se à novas pesquisas sobre a técnica de gravação, substituindo uma parte do que adquirira através do aprendizado tradicional por uma maior aproximação à realidade da cultura brasileira, levando-a a uma interpretação mais moderna de sua arte primitiva, transmitida por rápidos e decididos entalhes. Ele desenvolve neste período o estilo que será o ponto de partida de toda sua futura produção artística.
Dentro da filosofia européia, na qual foi educado, Mario Seguso esquiva-se das improvisações e modismos passageiros, entendendo que o objeto criado deve, por si mesmo, afirmar-se e ser julgado após uma séria análise sobre as características técnicas e artísticas nele contidas, análise esta compreendida somente por quem possua um sólido conhecimento, não só da parte artística, mas também das limitações e dos mistérios que o vidro oferece.
Apenas em 1992, por ter alcançado um estágio de consciente amadurecimento, decide apresentar suas obras elaboradas durante anos de contínuas pesquisas e experiências vividas ao calor das fornalhas, manipulando e plasmando o mais nobre e exigente dos materiais.
O lento abandono dos vínculos que o ligavam aos padrões e tradições européias deixavam espaço para a mudança, que ocorria a medida que intensificava sua convivência e participação da vida, cultura e tradições do Brasil.
As únicas coisas mantidas e respeitadas neste longo processo foram à técnica, trazidas da Europa e a fidelidade a uma tradição de muitos séculos de vidro e arte vividos em Murano pela família Seguso. Mario Seguso deixa a esposa, filhos, netos e bisnetos.