Entrevista: João Alexandre Moura
João Alexandre Moura foi candidato a prefeito de Poços em 2020
Em 2020 o professor João Alexandre concorreu pela primeira vez em uma eleição. Para o cargo de prefeito de Poços de Caldas obteve pouco mais de 2.000 votos, por um partido que ajudou a implantar na cidade, o Solidariedade.
Em entrevista à revista eletrônica One Weekend, ele fala sobre o pleito do ano passado, os planos futuros e comenta a façanha de continuar no mesmo cargo no município de Machado apesar do governo da cidade ter tido no último ano três prefeitos diferentes.
Acompanhe a entrevista que o Jornal da Cidade reproduz a seguir.
Passado o período eleitoral, como você avalia sua participação nas eleições de 2020?
João Alexandre – Uma participação positiva, saí mais forte do que entrei. Era conhecido entre professores e artistas por ter sido o primeiro Secretário de Cultura da história de Poços. A eleição me trouxe novas amizades, percepções, maturidade e reflexões sobre a cidade. Uma grande experiência social. Ganhar ou perder é relativo, o importante foi o caminho percorrido com cárater e honestidade.
Algum arrependimento em relação a esse processo eleitoral?
João Alexandre – Nenhum, por trás de um candidato está um gestor e organizador de processos. Fiz a campanha mais barata de Poços, tive mais de 2.000 votos, não tenho dívidas de campanha, não me vendi e tudo que fiz, foi com pleno equilíbrio e convicção. Faria novamente. Avalio minha participação nas eleições de Poços de Caldas como uma contribuição para o debate sobre a cidade
que temos, e que queremos.
O Solidariedade é hoje um dos poucos partidos com diretório constituído em Poços de Caldas. Quais os planos para 2022. O partido contará com candidatos da cidade para os cargos de deputado estadual e federal?
João Alexandre – O partido está organizado, com novos filiados e estamos planejando para termos em 2022 candidatos a deputado estadual e federal. A sinalização e o projeto da direção estadual é este. Poços de Caldas é uma cidade importante. Estamos em busca de nomes e abertos ao diálogo. Um detalhe, o João Alexandre não será candidato.
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O setor cultural sempre foi conhecido por sua agitação política. Nas eleições do ano passado, porém, o que se viu foi um completo silêncio por parte desse grupo. Na sua visão, a que se deve isso?
João Alexandre – O silêncio ainda continua, nas eleições tivemos apoio de uma parcela do setor cultural, inclusive candidatos a vereadores na coligação ligados à cultura. Contudo a classe artística é dividida, e nas eleições foram também. A divisão do setor cultural é prejudicial para Poços, o esporte elegeu vereadores ligados a área, um vice-prefeito. A cultura tem muita gente boa, politizada, talentosa, contudo existem as divisões.
A escolha de um vice mais conservador e ligado aos evangélicos pode ser visto como um erro estratégico, uma vez que você é visto como uma força mais progressista na cidade?
João Alexandre – Talvez. Contudo ganhei um grande amigo, Kamei, ou Pastor Kamei. Sua liderança evangélica me trouxe um profundo respeito por ele e pela comunidade que atua, foi uma experiência interessante. Kamei tem uma conduta ética e ilibada, e digo mais: tem opiniões progressistas muito além do preconceito que impera na sociedade de que todo pastor ou religioso cristão é conservador. Outro detalhe, seu nome eleitoral era Kamei, não utilizou do status de pastor para validar votos. Foi um prazer caminhar com ele.
Você integrou a equipe do ex-prefeito de Machado Julbert Ferre (Republicanos), que sofreu processo de impeachment. Permaneceu secretário durante o curto mandato de Ana Gonçalves (Solidariedade) e foi convidado pelo atual prefeito Maycon Willian (PSB), um ferrenho opositor dos dois governos anteriores, para continuar como secretário na cidade. Qual o segredo para essa continuidade, algo tão raro na política nos dias de hoje?
João Alexandre – Gestão, eficiência, apresentação de resultados, elaboração de bons projetos e bom relacionamento com as pessoas. Do cidadão comum ao colega secretário. Do congadeiro ao vereador fiscalizador. Trabalhar em governos é lidar, e gostar de lidar com as pessoas. Cidadãos estes que pagam o nosso salário.
Qual a sua visão sobre a gestão da Secretaria de Cultura do governo Sérgio Azevedo (PSDB)?
João Alexandre – Três secretários passaram pela pasta, pessoas que respeito. Porém é visível que o governo atual não tem um projeto para a cultura de Poços de Caldas. Todos os Prefeitos tiveram um ou mais projetos para a cultura. Luiz Antônio Batista criou a Julho Fest, Geraldo Thadeu apoiou a criação do Música nas Montanhas, Paulo Tadeu levou cultura para os bairros, Navarro criou a Sinfonia das Águas, Paulinho Courominas o Natal Encantado, Eloísio efetivou a Secretaria de Cultura e mais recursos para lei de incentivo e apoio do DME. E o Sérgio Infelizmente, nada. O próprio atual secretário, grande servidor de carreira, pessoa que trabalhei, aprendi e ensinei, se revelou uma pessoa de várias faces e fases na condução da Secretaria, o que reflete o silêncio político cultural que a cidade vive. Não na efervescência de talentos, mais de políticas públicas que coloquem a cultura no centro do debate. Não se tem projeto, a execução do plano municipal de cultura caminha lentamente e atinge poucos agentes culturais.
Quais os planos políticos futuros?
João Alexandre – Continuar atuando como Secretário de Cultura e Turismo de Machado. O prefeito Maycon Willian tem bons projetos para o município. Em Poços, continuar fortalecendo o grupo e ampliando frentes com outros partidos e lideranças. Temos conversado com a Yula do Cidadania, com o pessoal do Avante, Rede, PT, PC do B e outras lideranças e partidos. Somos do diálogo. Estou participando também na elaboração de projetos visando captação de recursos para Poços, independente de mandato eletivo.
Qual sua avaliação dos governos Sérgio Azevedo, Romeu Zema e Jair Bolsonaro?
João Alexandre – O governo Sérgio não tem um projeto de cidade. É um governo frio, seco, com a personalidade do próprio administrador, contudo a pandemia o elegeu, e o Dr. Mosconi carrega com sua experiência o governo nas costas e administra a crise pandêmica que vivemos. Zema é o favorito para se reeleger em 2022. É um gestor, porém falta nele um complemento. Gestor público, com sensibilidade humana com os professores, diálogo com entidades de representação social e não apenas empresarial, afinal, ele é o governador de todos, porém, diante da situação, faz um bom governo. Jair Bolsonaro está morrendo pela boca, pelas declarações, pelo descontrole emocional, pela falta de estadismo e sensibilidade. Sérgio se reelegeu pela pandemia, Bolsonaro talvez siga o caminho de Trump, o atraso na vacinação e as mortes provocadas pela Covid-19 é o panorama do momento e serão creditadas na conta do presidente.