Independence Day 2 é repetição de filmes do gênero
Invasão alienígena volta a assombar o mundo 20 anos depois
Avaliação do Editor
Independence Day: O Ressurgimento é a sequência lançada 20 anos depois e que é comentada abaixo pelo crítico Marcelo Leme.
A falta de criatividade implica em recorrer a esses meios. Uma pena para o cinema. Este Independence Day: O Ressurgimento mostra o quanto um filme pode ser realizado através de reciclagens. Para seu diretor, Roland Emmerich, não há qualquer constrangimento em reutilizar tudo o que usou em seu filme de 1996.
Quer dizer, nem tudo, faltou Will Smith. Mas há quem o substitua. Simples, por vezes divertido, cheio de competentes efeitos e absolutamente raso, este seu novo trabalho é uma sequência que faz sentido se pensarmos no atual momento político americano. As eleições chegando.
Então vamos hastear bandeiras e evocar heróis patriotas na telona. É mais ou menos isso. Os alienígenas retornam ao planeta Terra ainda mais ameaçadores. Se prepararam durante anos para o ataque, ao mesmo tempo em que os humanos se apropriaram da tecnologia alienígena a fim de se defenderem de qualquer ameaça; além de usá-la como tecnologia para suas criações.
Não há nenhuma construção de situações e nem de personagens. O roteiro nem se dedica a dar alguma profundidade, aí pouco nos importamos com quem são. Tudo nos é rapidamente apresentado para o mais rápido possível iniciar o que os espectadores pagaram pra ver. O pandemônio não se demora.
Um personagem brinca falando que os aliens gostam de destruir alguns cartões postais do planeta. Piada apropriada. Emmerich tem no currículo verdadeiros arrasa quarteirões. Viveu altos e baixos com seus filmes-catástrofe. Agora retoma seu sucesso de 20 anos atrás visando novo êxito. Deverá conseguir com as bilheterias. O caos vende. E com invasão alienígena ainda? E com a nostalgia de parte dos espectadores a favor? Como não dar certo?
É mesmo uma pena ser tão pobre e dependente do sucesso do filme anterior que, sejamos honestos, nem era grande coisa. Independence Day: O Ressurgimento é um legítimo pipocão hollywoodiano. Tem data de vencimento. Nada oferece à sétima arte a não ser diversão pueril. É aquele tipo de diversão que não exige muito de seu espectador e os lota de estímulos visuais e sonoros. Tudo explode e nada diz.
A mesma trilha, a mesma fotografia, os mesmos personagens com direitos a alívios cômicos calculados. Também há algumas frases de efeito terríveis. A ação é enlouquecida, mas bem dirigida. Isso permite que a experiência em assistir ao filme, em ser lançar dentro dele, funcione. Mas veja, apesar de tudo, não é uma sessão desperdiçada. Ele diverte.
Maniqueísta, frívolo e igual aos filmes que já foram clichês de outros filmes, esse é de fato mais do mesmo do mesmo do mesmo que já foi criticado por ser demasiado repetitivo. A fórmula ainda funciona.
* Marcelo Leme é psicólogo e crítico de cinema, escreve sobre cinema às quartas e finais de semana. E-mail: marceloafleme@gmail.com