INB inaugura cascata de enriquecimento isotópico de urânio e conclui primeira etapa de usina
Empresa busca reduzir o seu grau de dependência na contratação do serviço no exterior
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A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) inaugurou nesta sexta-feira, 25, na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende (RJ), a décima cascata de ultracentrífugas – conjunto de equipamentos que realiza a concentração do urânio em seu isótopo físsil, capaz de gerar energia.
Com isso, a empresa finaliza a primeira fase da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio e reduz o seu grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais.
A entrada em operação da décima cascata possibilitará o alcance da capacidade de produção para atendimento de 70% da demanda das recargas anuais da usina nuclear Angra 1, correspondendo a um acréscimo de, aproximadamente, 5% em relação à capacidade atual.
Durante seu discurso, o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, ressaltou que esse passo da empresa deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros, visto que o enriquecimento isotópico de urânio é uma tecnologia de ponta e 100% nacional, desenvolvida pela Marinha do Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).
“O domínio dessa tecnologia é uma etapa fundamental para a fabricação dos elementos combustíveis, que abastecem atualmente os reatores das usinas Angra 1 e 2, e, dentro em breve, para a futura usina de Angra 3”, disse o presidente, que agradeceu ainda ao atual ministro Adolfo Sachsida, o ex-ministro Bento Albuquerque, além do CTMSP, IPEN e colaboradores da fábrica.
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Freire destacou ainda que o futuro se revela bastante promissor para a INB, incorporada recentemente à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBpar), tendo em vista que o Brasil tem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e conta com imensos recursos de urânio.
“Com a flexibilização do monopólio, a INB poderá se tornar um player no mercado mundial de urânio, gerando emprego e renda para a nossa sociedade”, destacou.
Para o presidente da Eletronuclear, Eduardo Souza Grivot Grand Court, a inauguração da décima cascata é de extrema importância devido à parceria que a Eletronuclear tem com a INB.
“Ela é nosso único fornecedor de combustível e, quanto mais desenvolvido o trabalho da INB, mais segurança nos temos para as usinas de Angra 1 e 2 e, futuramente, Angra 3. Então eu considero um marco fundamental, principalmente agora que nós fazemos parte do mesmo grupo, em que é a ENBpar é controladora”, disse, ressaltando ainda que a Eletronuclear, junto à ENBpar, tem um plano para auxiliar os investimentos do desenvolvimento das novas etapas de enriquecimento de urânio e da fabricação do elemento combustível da INB.
O vice-almirante Guilherme Dionízio, do CTMSP, ressaltou que no momento a energia nuclear surge como alternativa confiável para garantir uma demanda em expansão no mundo.
“Neste sentido, o Brasil encontra-se em posição de destaque, já que possui uma das maiores reservas de urânio do planeta, além de ser um dos poucos países que domina a tecnologia completa do ciclo do combustível nuclear”, disse.
De acordo com a World Nuclear Association, o Brasil faz parte de um seleto grupo de 13 países reconhecidos internacionalmente pelo setor nuclear como detentores de instalações para enriquecimento de urânio com diferentes capacidades industriais de produção.
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AMPLIAÇÃO
A implantação da Usina de Enriquecimento de Urânio da empresa, projeto industrial estratégico do Ciclo do Combustível Nuclear, foi iniciada em 2000, em Resende.
Em 2006, foi inaugurada a 1ª cascata de ultracentrífugas, fato que inseriu o Brasil no seleto grupo de países detentores dessa tecnologia.
A implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio da FCN está sendo realizada, de forma modular, em duas fases. A segunda será composta por trinta cascatas.
O projeto para a implantação da 2ª fase, denominada Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), já foi iniciado com o projeto básico, que se encontra em elaboração, e com a solicitação de licenças aos órgãos de fiscalização.
Quando a implantação da Usina estiver concluída, o Brasil passará à condição de autossuficiência de enriquecimento de urânio.
xA previsão é que, até 2033, a INB seja capaz de atender, com produção totalmente nacional, as necessidades das usinas nucleares de Angra 1 e 2 e, até 2037, a demanda de Angra 3.
Saiba mais sobre cada etapa do ciclo do combustível no site da INB.