Encontro reúne profissionais de impacto de todo o país

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Semana passada (30), foi realizado na sede do Cubo Itaú, em São Paulo, o Encontro Impactos Positivos, para estimular a troca de conhecimentos e experiências de pessoas e organizações que buscam diariamente a transformação da sociedade brasileira e do mundo e homenagear os participantes do Prêmio Impactos Positivos, que chegou à sua 3ª edição em 2022.

A programação do evento incluiu apresentações de cases de negócios de impacto, palestras e mesas redondas com profissionais de destaque no ecossistema de impacto no Brasil, que abordaram temas relevantes no cenário desafiador que o mundo enfrenta atualmente, como importância da gestão ESG nas empresas, COP 27, mudanças climáticas, educação, inovação e tecnologia, entre outros.

Um dos palestrantes foi Hugo Bethlem, presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, cuja missão é transformar a forma de fazer investimentos e negócios no Brasil para diminuir as desigualdades, multiplicando os pilares que levam a uma gestão mais humana, ética e sustentável. Segundo ele, é preciso que as empresas se tornem conscientes do seu papel na sociedade e não busquem só o lucro.

“Acreditamos que um negócio é bom quando cria valor; ético, quando é baseado numa troca voluntária; nobre, quando eleva a nossa existência; e, principalmente, heroico, quando tira as pessoas da pobreza gerando prosperidade. Para isso, é fundamental que a empresa tenha um propósito, trabalhe para todos os stakeholders e alinhe sua visão estratégica a esse propósito”, explicou.

Já Francisco Vicente, diretor de Investimentos da Yunus Negócios Sociais, unidade brasileira da empresa global Yunus Social Business Global Initiatives, destacou a importância de conectar pequenas e médias empresas com as grandes corporações, através de negócios, para colocar o ESG em prática.

“Os negócios de impacto têm as soluções para as empresas fortalecerem sua estratégia de ESG. As grandes corporações também têm a opção de contratar negócios de impacto para causar mais impacto de uma maneira genuína”, explica.

Para o especialista em investimentos ESG e sócio fundador da FAMA Investimentos, Fabio Alperowitch, que participou ao lado de Carlos Nobre, um dos mais respeitados e premiados estudiosos brasileiros do clima e das mudanças climáticas globais, as startups de impacto também podem contribuir para resolver os desafios trazidos pelas mudanças climáticas. “As startups geralmente são criadas por pessoas mais jovens, que em geral são mais conscientes e conectadas com esse tema.

Então, a empresa já nasce de uma maneira mais positiva, com essa preocupação com os stakeholders. E são montadas para resolver problemas e remuneradas por isso. Há um incentivo grande para startups de várias naturezas, para tentar endereçar essas questões”, afirmou.

Em relação à COP27, Carlos Nobre destacou como pontos positivos a criação do fundo de perdas e danos, porque são os países que contribuem menos para as emissões os mais vulneráveis aos riscos trazidos por elas, e a manutenção do limite do aquecimento global a 1,5 graus, bem como o retorno do Brasil ao centro das discussões sobre as mudanças climáticas.

“Podemos ser o primeiro país de grandes emissões a atender os objetivos do acordo de Paris, reduzindo nossas emissões em 50% ou mais até 2030, zerando o desmatamento da Amazônia, praticando uma agricultura regenerativa e acelerando a transição para energias renováveis”, explicou. E essas são áreas em que há muitas oportunidades para os negócios de impacto.

Premiação
Ao final do Encontro Impactos Positivos, foram divulgados os vencedores da 3ª edição do Prêmio Impactos Positivos 2022, nas três subcategorias de Negócios de Impacto e Ecossistema de Impacto. Conhecido como “Oscar do Bem”, a iniciativa reconhece empresas e organizações que desenvolvem projetos e negócios inovadores que impactam positivamente a sociedade, contribuindo para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

Na categoria Negócios de Impacto foram três vencedores. Em Ideação, negócios em fase de formação, quem levou foi a Mocambo (João Pessoa, Paraíba), projeto de avicultura orgânica e geração de renda. Nas empresas já formalizadas, em Operação, foi a Acmella Beauty (Macapá, Amapá) e seus fitocosméticos sustentáveis e hipoalergênicos. E na Tração, empresas no mercado há mais de um ano e em crescimento, a Central da Visão (São Paulo, São Paulo), com suas cirurgias oftalmológicas acessíveis.

Em Ecossistema de Impacto, o vencedor dos Dinamizadores, instituições que fomentam o ecossistema de impacto, foi o Departamento de Educação Social de Itanhaém (Itanhaém, São Paulo), que desenvolvem políticas públicas para superação da exclusão, da evasão e das desigualdades educacionais.

Em Comunidades, o Passos da Criança (Curitiba, Paraná), ganhou com o seu atendimento voltado para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. E, por último, em Médias e Grandes Empresas, companhias que fomentam o ecossistema de impacto, a Ajinomoto do Brasil (São Paulo, São Paulo), encerrou a premiação com o trabalho de inserção de artesãos na cadeia de fornecimento da empresa.

Todos os vencedores receberam um troféu criado pelo artista plástico Ciro Schu, com o patrocínio de Roberta Pardo, bem como consultorias, mentorias e outras ferramentas de conhecimento oferecidas pelos parceiros do prêmio para desenvolver suas atividades e ampliar sua capacidade de trazer mais impacto positivo ao Brasil.

Para Gisele Abrahão, idealizadora do prêmio, a iniciativa mostrou a força do ecossistema de impacto no país. “Foram 265 projetos inscritos e mais de 30 mil votos na plataforma.

Recebemos inscrições de norte a sul do Brasil, de pessoas e empresas que estão fazendo a diferença no nosso país, que estão implementando práticas mais sustentáveis e mais humanas que impactam suas comunidades, o país e o mundo”, afirma.

Philippe Figueiredo, coordenador de Startups e Ecossistema de Inovação do Sebrae Nacional, ressaltou que o prêmio pode inspirar uma nova geração de empreendedores, focados em obter não apenas lucro, mas também em desenvolver modelos de negócios mais responsáveis e que causem impactos positivos. “Como jurado, foi bem difícil escolher os vencedores. Entre os inscritos havia projetos maravilhosos, que esperamos que se tornem realidade”, afirmou.