Indústria de eletrônicos geraria mais valor econômico com modelo de negócio SKD
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O Brasil tem um enorme potencial na indústria de smartphones, e muitas fabricantes batalham diariamente no mercado para ofertar produtos para a crescente demanda do país. São mais de 109 milhões de usuários de smartphones atualmente, o que corresponde a mais da metade da população do Brasil, segundo um levantamento feito pela consultoria Newzoo.
E apesar de o país ficar em quinto lugar no ranking global de maior número de usuários desses tipos de aparelhos, as fabricantes ainda precisam passar por muitos obstáculos para desenvolver e colocar um produto no mercado.
Entre esses obstáculos, segundo Gilberto Novaes, fundador do Grupo Transire, está no modelo de negócio, que segue a logística de operação CKD (Complete Knock-Down). Ele consiste na importação de produtos em kits completamente desmontados, diferente do SKD (Semi Knock-Down), que permite a importação de produtos com partes pré-montadas no centro de produção antes do envio à montadora de destino.
De acordo com Novaes, os atuais Processos Produtivos Básicos (PPBs) precisam ser reconsiderados pelos Ministérios da Economia e Ciência e Tecnologia, a fim de gerar mais riqueza e empregos para o país. “Ao analisarmos os países com maior produção industrial de celulares, que são China, Índia, Brasil, Vietnam e Indonésia, o Brasil é aquele que apresenta as maiores barreiras a novos entrantes.
O PPB de celulares no país impõe a verticalização de processos no formato CKD, atribuindo maiores pesos em processos que exigem alto investimento, porém com baixa agregação de mão de obra (geração de emprego). Isso favorece a formação de oligopólio, já que 94% das vendas no setor de celulares ficam concentradas em apenas cinco fabricantes. Poderíamos ter muito mais emprego e geração de valor com uma mudança neste sistema”, afirma Gilberto Novaes, fundador do Grupo Transire.
Ainda segundo o executivo, o modelo SKD de produção possibilitaria a dispensa da obrigatoriedade de produção de módulos de placas – que dificultam a produção e geram poucos empregos, e daria espaço para novos investidores no país. O que geraria uma oferta de novos produtos e consequentemente crescimento econômico.
“O modelo SKD de produção evitaria a etapa de produção de bens intermediários a exemplo das placas conforme citado anteriormente, que dificultam a produção e geram pouquíssimos empregos no Brasil. Com este modelo aplicado ao Brasil, traríamos uma avalanche de investidores para o país, de novos produtos e, consequentemente, crescimento econômico”, pontua Novaes.
Explicando melhor, a exemplo do que aconteceu na Índia com o programa ‘Make in India’ iniciado em 2014 atraiu mais de 50 fabricantes em regiões subdivididas e incentivadas por etapa gradual na formação do produto final em um único ecossistema, que gerou um crescimento em escala com mais de 180 milhões de aparelhos fabricados anualmente incentivando o consumo interno e contribuindo com a estabilização do PIB que atualmente está entre 6% e 8%.
De acordo com um estudo realizado pela IIM Bangalore & Counterpoint Researchers, Maximizando a agregação de valor local na Índia Fabricação de telefones celulares: Uma abordagem prática em fases, o Brasil poderia duplicar seus postos de trabalho, volume de produção e faturamento em um cenário de SKD. A análise foi realizada com base em um ecossistema de fabricação de celulares na Índia iniciado em 2014 – que levou mais de 50 fabricantes para o país.
Dois anos após o lançamento do programa, que realizou uma reforma nas leis e taxas, dez das maiores fabricantes de celulares na Índia já tinham mais de 50% de seus volumes internamente no país. Além disso, aumentou significativamente o número de fábricas instaladas nas zonas de inventivo fiscais que fizeram parte do programa.
Este potencial para atrair novos investimentos e negócios para a indústria brasileira trariam um impacto positivo no PIB a partir da geração de valor econômico nas etapas de Desenvolvimento de Produto, Manufatura, Marketing, Vendas e Serviços.