Banda K2 fez prenúncio em disco sobre risco de rio invadir a cidade
A banda poços-caldense K2 postou ontem em sua página no Facebook suas considerações sobre a chuva
A banda poços-caldense K2 postou ontem em sua página no Facebook suas considerações sobre a chuva que atingiu a cidade na noite de terça-feira, 19.
Os músicos disseram que acompanharam as centenas de imagens compartilhadas nas redes sociais e depois caminharam pela área central durante a noite do temporal, em busca de reflexão. No último álbum do grupo, “Brasileiro de Alma Grande”, gravado entre maio de 2012 à outubro de 2013, os músicos consideram ter dado “um punhado de evidências que estão no nosso nariz, mas deixamos passar despercebido”. A banda formada por Diego Belchior (baixo), Douglas Maiochi (bateria) e Pedro Cezar (guitarra e vocal) cita a especulação imobiliária, o crime ambiental diário, a educação para o consumo, a corrupção, a facilidade de botar a culpa no outro, observando que todos estes fatores estão “interligado”.
Na música “A Cidade”, trechos falam em “a cidade com saudade da roça, o cimento se incomoda, não tem mato (…) a cidade se esqueceu o que é um rio”; em “Nas Palafitas”, a banda canta “por causa da ganância de alguns que mandam em nós a água nos diverte tanto quanto nos destrói; e também na irônica “Kaótica” que retrata sem rodeios: “a chuva abençoada tá virando maldição, o solo impermeável não aguenta ser regado, o vento não semeia, ele arranca é o telhado (…) a gente tá colhendo os frutos, a gente tá invertendo a lógica”, “imagens, eu quero imagens do caos num oferecimento do horário eleitoral”, “a evolução da humanidade tá te deixando na mão”, e “a cidade vomita esgoto, de nojo, de desgosto, tá doente de enchente, gente ilhada, atrasada (…) tanta gente sem ter hora pra chegar, tanta rua que não leva pra nenhum lugar porque carro não sabe nadar”.
A banda diz que tem ainda mais exemplos neste disco. “Nossa música também tem a função de falar coisas que não são faladas, de mostrar coisas que não são mostradas – ou que são manipuladas para o interesse do capital, do lucro, do acúmulo do poder. Tá tudo interligado. Ficamos tristes de ver a cidade estragada assim hoje, mas estamos estragando a cidade desde muitos anos. Educar para a arte, para o convívio na natureza, para o verbo ‘ser’ no lugar do verbo ‘ter’; educar para um desenvolvimento sustentável, para uma vida onde o status valha menos que o rio. A amiga de infância disse: hoje Poços virou um rio. Essa é a chave: Poços é um rio de vários braços, interligados. Sabe o que fizeram? Trancaram um rio num quarto de pensão. Cimentaram o rio. Poluíram o rio. Construíram uma cidade sufocando seus braços de rio. Educar para a vida. A vida não existe sem o rio. Que a nossa geração supere essa crise horrível do Pensamento e consiga dar mais vida ao futuro ao invés de sufocá-lo. Use a inteligência para além da crítica (e passividade) destrutiva. Tá tudo interligado“, refletem os músicos. Saiba mais sobre o trabalho da banda no seu site oficial.