Detentos de Ribeirão das Neves reciclam quatro toneladas de isopor por mês
O isopor de 14 mil marmitas distribuídas diariamente nas cinco unidades prisionais de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é reciclado em uma empresa instalada na área externa do presídio Inspetor José Martinho Drumond. Seis internos trabalham na obra que, só em setembro, evitou que quatro toneladas do material fossem descartadas de forma incorreta.
O processo é viabilizado por parceria entre a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a Eco-Lógica. Embora o empreendimento atue no presídio, desde 2015, na separação e no reaproveitamento do lixo produzido pela população carcerária, foi em 2019 que os recipientes de isopor começaram a ser o centro da reciclagem.
Ao todo, sete mil presos das unidades José Maria Alkimin, Antônio Dutra Ladeira, José Abranches Gonçalves e Inspetor José Martinho Drumond fazem duas refeições ao dia, o que resulta em cerca de 300 kg do material, que não se decompõe na natureza. Poliestireno expandido ou EPS são os nomes técnicos do isopor, que é um tipo de plástico derivado do petróleo e composto por 98% de ar e 2% de plástico.
Dois seis internos que trabalham com o procedimento, quatro são funcionários e dois atuam para remição de pena, modalidade na qual a cada três dias no emprego, um é subtraído do tempo dentro da penitenciária. A diretora de atendimento da unidade, Michelle Tatiane Lopes, ressalta que a criação de frentes de trabalho é fundamental para a ressocialização dos presos.
A sustentabilidade também é outro ponto forte da proposta. “O município de Ribeirão das Neves possui mais de 300 mil habitantes e a própria comunidade tem contribuído com projetos sustentáveis como este doando equipamentos”, diz a diretora. Gerente de produção da Eco-lógica, Ricardo Luiz do Nascimento, lembra que o processo de reciclagem das marmitas é eficiente por que não há necessidade de lavá-las.
“Ao contrário do que as pessoas pensam, o isopor é 100% reciclável por ser uma espécie de plástico inflado. Após a retirada dos restos de comida, ele passa por secagem, é inserido no maquinário, que retira o ar do material e o derrete, transformando-o novamente em uma matéria prima plástica chamada de borra”, explica. As borras são enviadas para uma indústria localizada também na Região Metropolitana de Belo Horizonte e são transformadas industrialmente em placas que podem substituir a madeira na produção de móveis, molduras, rodapés e revestimentos de pisos.