Comissão aponta tarifa de ônibus a R$ 3,60 em Poços
Reajuste indicado na passagem é de 9%
A Comissão Municipal de Transporte Público e Tarifas Correlatas, após análise técnica de planilhas de custos, concluiu que o preço da passagem do ônibus urbano em Poços de Caldas deve ser de R$ 3,60 em um reajuste de 9% sobre o valor atual (R$ 3,30).
O valor solicitado pela Circullare era de R$ 3,90, buscando cobrir os custos operacionais comprovados pela empresa, porém, a Comissão resolveu aprovar apenas o índice de inflação registrado no período em torno de 9%. Segundo o gerente da Circullare, Armando Bertoni, o reajuste anual é uma exigência do contrato de concessão e, devido à crise no país, um dos instrumentos importantes para evitar a demissão em massa de colaboradores.
“A crise que o setor de transporte coletivo está passando é muito grave, como já alertamos em outras oportunidades, sendo a queda de passageiros um dos nossos maiores problemas. O reajuste da tarifa, embora seja uma medida que ninguém, nem a empresa e nem a prefeitura deseja pois pode tirar ainda mais passageiros do Sistema, é a única solução para repassar os aumentos sofridos no valor do óleo diesel, peças, pneus e, principalmente nos salários de nossos colaboradores. É um instrumento obrigatório do contrato de concessão que prevê que isto seja feito anualmente no mês de outubro. O valor aprovado de R$ 3,60, embora não seja o que solicitamos, é um instrumento para equilibrar os custos operacionais e neste momento, reduz o risco do desemprego em massa de colaboradores, uma solução que muitas empresas adotaram, mas que a Circullare tem evitado ao longo dos últimos anos, pois reconhece que o ônus social seria incalculável. O nosso patrimônio são as pessoas que aqui trabalham, cerca de 670 colaboradores, entre motoristas, cobradores, fiscais, pessoal administrativo e de manutenção mecânica e isto não tem preço”, disse.
NOTIFICAÇÃO
Recentemente a empresa notificou judicialmente a Prefeitura, bem como o atual prefeito, pelo não cumprimento do Contrato de Concessão, pois o município, segundo a empresa, deixou de reajustar tarifas em datas previstas no contrato e com valores inferiores previstos nas planilhas de custos do sistema da própria Prefeitura.
“Esta medida foi para buscar prevenir responsabilidades e ressalvar direitos contra o município. É preciso compreender que existe um contrato e ele tem que ser respeitado pela Prefeitura e pela empresa. Quando uma das partes não cumpre com suas obrigações, com certeza é o Sistema que fica prejudicado e, no final das contas, a própria população. Nos últimos 4 anos, de 2013 a 2016, a tarifa variou até agora de R$ 2,80 para os atuais R$ 3,30, o que resulta em 17,86 % de reajuste, contra 34,4% de inflação no período. A tarifa indo para R$ 3,60, o índice de reajuste dos últimos 4 anos cresce para 28,57%, mesmo assim abaixo da inflação. Essa defasagem vai causando um descontrole nos custos operacionais, e apesar de agirmos internamente com medidas de contenção de nossas despesas, existem produtos e processos que temos que preservar buscando manter a segurança e a qualidade dos serviços prestados à população. O reajuste é uma ferramenta obrigatória para o equilíbrio do Sistema, mas precisamos pensar no subsídio, um aporte financeiro da prefeitura, uma solução já aplicada em outras cidades”, afirma.
CRISE E DESINFORMAÇÃO
Para o gerente da Circullare, há muita desinformação sobre o transporte coletivo na cidade e os problemas que o setor atravessa.
“O setor de transporte coletivo vive um impasse constante: como manter a tarifa justa e a qualidade dos serviços prestados à população, sem que isto venha a onerar a concessionária e o equilíbrio do sistema? Para isso é necessário inicialmente seguir fielmente o que determina o Contrato de Concessão nos direitos e obrigações entre a prefeitura e a empresa. O transporte coletivo é meio e não fim. Se há uma crise econômica e como consequência disso, o aumento do desemprego, as pessoas deixam de andar de ônibus, pois não vão mais ao trabalho, a escola, ao hospital e atividades de lazer. A população tem o direito de exigir qualidade e tarifa justa. A empresa tem o direito de exigir reajuste na tarifa, conforme exigência contratual, para cumprir suas obrigações. Não existe milagre, é do couro que sai a correia”, argumenta.
SÃO PAULO
Para Armando, o preço da passagem não pode ser o único instrumento para cobrir os custos do transporte.
“Muita gente compara Poços com São Paulo, dizendo que a tarifa por lá é de R$ 3,80, e lá os ônibus percorrem muito mais quilômetros. Porém, o transporte coletivo em São Paulo recebe subsídios da Prefeitura, o que não ocorre aqui. Atualmente, o subsídio na capital paulista é de R$ 1,91 por passageiro transportado, o que eleva a tarifa em seu valor real para R$ 5,71, isto com o subsídio de R$ 1,9 bilhão em 2016. Então, está comprovado que a tarifa não pode ser o único elemento para a cobertura dos custos no transporte”, completa o gerente.
APROVAÇÃO
Ele acredita que não existe outra solução, senão a aprovação, pela Prefeitura, do reajuste proposto pela Comissão de Transportes.
“Penso que o momento exige bom senso de todos e acredito que a atual administração seguirá o que foi determinado pela Comissão. A Comissão de Tarifas é um órgão técnico que analisou as planilhas e chegou ao valor de R$ 3,60, aquém do que solicitamos que seria de R$ 3,90, repassando pelo menos o índice de inflação do período. Referendar o valor proposto é uma medida necessária para o equilíbrio do Sistema e mostra o compromisso da Prefeitura com a qualidade do transporte coletivo e nos auxilia a evitar medidas extremas como a de demitir colaboradores”, finalizou.