Com dificuldades, Instituto de Educação perdeu mil alunos
Maior escola estadual do Estado, em número de alunos e em tamanho, o Instituto de Educação de Minas Gerais (Iemg) vem enfrentando dificuldades, que levaram a instituição centenária a perder mais de mil alunos nos últimos anos.
Os problemas foram relatados pela diretora do estabelecimento, Alexandra Morais, na visita realizada pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia. Solicitada pela presidenta da comissão, deputada Beatriz Cerqueira (PT), a atividade da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aconteceu nesta sexta-feira (8/11/19). Também estiveram presentes o deputado Bartô (Novo) e o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).
Alexandra Morais relatou que a escola, construída em 1906 em estilo eclético de orientação neoclássica e tombada pelo patrimônio histórico estadual, já chegou a ter 4 mil alunos. Isso se deu até 2016, mas, em função da crise econômica, saíram 350 estudantes só em 2018. Hoje, são 2.978 alunos em 89 turmas do ensino infantil ao médio, sob o comando de 270 professores.
A dificuldade financeira tornou proibitivo o gasto com transporte para alunos carentes (muitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte), avaliou ela. Além disso, problemas estruturais na instituição também contribuíram para a evasão. A falta de manutenção e de reforma de salas de aula, banheiros e outras dependências fez com que muitos pais optassem por transferir seus filhos para outras escolas.
O exemplo mais forte da precariedade de espaços do Iemg é o auditório para cerca de 500 pessoas, que hoje serve de morada para pombos. Com fachadas e detalhes também em estilo eclético, o local está com cadeiras estragadas, além de piso e pintura de palco e de plateia deteriorados. De acordo com Alexandra, para a reforma do local seriam necessários R$30 mil e outros R$ 12 mil apenas para a limpeza.
Obras – Várias salas de aula e banheiros tiveram de ser interditados, por causa de infiltrações e goteiras. Por outro lado, a diretora ressaltou que, em 2019, começaram as obras nessas instalações, o que resultou em melhorias, conforme os parlamentares puderam conferir na parte de trás da unidade.
Nessa área, que pertencia a outras duas escolas anexadas ao Iemg, diversas salas de aula e de professores, cantina, refeitório, dispensa, banheiros e outros espaços estão passando por reforma. Com custo total de R$ 280 mil, a intervenção é realizada pelo Governo de Minas.
A diretora ressalvou que, no prédio principal, que é tombado, as obras são mais difíceis por terem que cumprir exigências arquitetônicas e históricas. De acordo com ela, o Ministério Público acionou o governo para que realize a reforma de todo o prédio tombado. Na reunião entre os órgãos, em setembro deste ano, foi fixado o prazo de seis meses para início das obras, que totalizariam, segundo Alexandra, R$ 25 milhões.
Outro problema relatado foi o corte de seis funcionários que faziam a segurança noturna do Iemg, medida adotada pelo Governo do Estado no segundo semestre deste ano em toda a rede estadual, resultando em vários transtornos.
Como o muro da instituição é baixo, moradores de rua utilizam a escola para dormir e fazer suas necessidades e acabam danificando estruturas. Também aumentaram muito os assaltos e outras abordagens a alunos.
Diante das dificuldades, Alexandra Morais pediu apoio aos parlamentares, no sentido de direcionar emendas para as obras e também na interlocução com o governo, para que consigam mais servidores para a escola. Ela lembrou que a unidade tinha 58 destes pertencentes ao quadro auxiliar e hoje, são 48, sendo que a necessidade seria de, pelo menos, 65.
Com tantos alunos, o Iemg não conta com vice diretores – o governo prometeu dois, mas ainda não foram alocados. Por fim, a diretora reclamou da falta de assistentes sociais e psicólogos, na sua opinião, fundamentais para detectar e solucionar conflitos e outras questões envolvendo alunos.
Escola cortou 14 turmas
Beatriz Cerqueira disse que a visita tinha sido provocada pela denúncia de alunos do Iemg que participaram de audiência na ALMG e reclamaram do corte de 14 turmas. Ela questionou a diretora sobre a questão, ao que esta respondeu que a medida foi tomada porque havia turmas com apenas sete alunos e, por isso, foram fundidas, sem no entanto ultrapassar os limites de alunos: 30 para o ensino fundamental I, 35 para o fundamental II e 40 para o médio.
“Hoje, aqui no Instituto de Educação, onde cursei magistério, nos deparamos com problemas de infraestrutura, necessidade de mais professores e de outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais”, apontou.
Para Beatriz Cerqueira, são fundamentais ainda investimentos em novos projetos pedagógicos que permitam o diálogo aberto com os adolescentes do Iemg, em sua maioria carentes de apoio. A deputada acrescentou que voltaria à escola em outra ocasião para conversar com alunos e professores.
Por sua vez, o deputado Bartô destacou que o problema vivenciado nessa escola não é diferente de outras unidades estaduais: “Todos os prédios escolares estão assim, devido à destruição pela qual o Estado passou nos governos passados”.
Ainda considerou que a administração Zema está tomando medidas corretas de austeridade, buscando acertar o custeio, e, depois, melhorar a infraestrutura dos prédios.