Cobertura vacinal atinge níveis críticos e ameaça saúde coletiva
Queda da cobertura vacinal, que vem se intensificando de forma heterogênea desde 2013
Queda da cobertura vacinal, que vem se intensificando de forma heterogênea desde 2013, atingiu patamares críticos com a pandemia.
Dentre as principais preocupações estão a redução da vacinação contra o HPV, visto que em 2020 a primeira dose dessa vacina foi aplicada em cerca de 70% das meninas de 9 a 15 anos e em pouco mais de 40% dos meninos de 11 a 14 anos.
Já na cobertura vacinal contra a febre amarela, a redução foi significativa em todo o país, especialmente nas regiões Sul (-63,50%) e Norte (-34,71%), levando os especialistas a alertar para um potencial retorno da febre amarela urbana, que colocaria em risco ainda mais pessoas e teria grande impacto sobre o sistema se saúde.
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De acordo com a pesquisadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dra. Tércia Silva, “mesmo vacinas bem estabelecidas como a Tríplice Viral, que previne o sarampo, a caxumba e a rubéola, apresentou importante queda em sua cobertura durante a pandemia, nas cinco regiões do país”.
Em 2022, apenas 47,08% das crianças receberam esta vacina. Cobertura esta, muito distante da meta de 95%. Seguem esta tendência também vacinas com mais apelo na atualidade, como as doses de reforço da COVID-19 e a vacina de 2022 contra a influenza.
Por não conseguir atingir a meta de cobertura da Campanha de Vacinação contra a influenza deste ano, inicialmente voltada a grupos prioritários, o Ministério da Saúde prolongou a campanha e ampliou para toda a população a partir de 6 meses de idade.
O Dr. Mark Barone, fundador do FórumDCNTs, explica que a contínua redução da cobertura vacinal cria um ambiente propício para o ressurgimento de doenças imunopreveníveis extintas e favorece a disseminação daquelas já controladas.
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O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) alertam que indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são mais vulneráveis às infecções que a população geral. Em nota técnica publicada neste ano pela SBIm, destaca-se o risco aumentado do vírus influenza para gestantes, puérperas, adultos com mais de 60 anos, crianças com menos de cinco anos e pessoas com DCNTs, especialmente doenças cardiorrespiratórias, obesidade (IMC ≥ 40), diabetes e imunossupressão.
De acordo com o Dr. Barone, “a baixa procura pelas vacinas é uma bomba relógio que ameaça ainda mais grupos de risco, como pessoas com condições crônicas de saúde”.
Melhorar os indicadores de imunização é uma meta da Agenda 2030 das Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, além de ser fundamental para o alcance da equidade em saúde no Brasil.
Para isso, a Dra. Silva recomenda que “as políticas públicas e estratégias de saúde prioritárias sejam direcionadas para as localidades com piores indicadores de imunizações e populações de maior risco”.
A fim de engajar as principais instituições dos diferentes setores para esforços conjuntos que aumentem a cobertura vacinal em todo o país, o FórumDCNTs promoverá uma reunião nesta sexta-feira, 22.
Durante o evento, será lançado um call-to-action, endossado por mais de 30 das principais entidades de saúde do país, e os participantes poderão interagir com especialista renomados. Entre os painelistas confirmados estão Dr. Renato Kfouri, da SBIm e SBP, a Sra. Lely Guzmán, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), o Dr. Nereu Mansano, do CONASS, e a Profa. Dra. Tércia Silva, da UFMG. Mais informações estão disponíveis em www.ForumDCNTs.org.