Circullare anuncia fim das atividades em 21 de maio
Empresa alega prejuízo de R$ 12 milhões e falta de subsídio do poder concedente
A Auto Omnibus Circullare Poços de Caldas irá encerrar suas atividades em Poços de Caldas no próximo dia 21 de maio, mesma data do vencimento do contrato emergencial realizado com a Prefeitura para gerir o transporte coletivo no município.
A diretoria da empresa aponta que há mais de um ano está alertando as autoridades, por meio de ofícios e reuniões, para os problemas que vinham afetando o equilíbrio econômico-financeiro do Sistema de Transporte Coletivo Municipal, entre eles, a perda de passageiros, o excesso de gratuidades, os aumentos constantes no preço do óleo diesel e a ausência de subsídio.
Porém, apesar dos sinais de alerta, incluindo a demissão de muitos colaboradores, a empresa diz que não obteve respostas e nada foi feito. A situação que já era insustentável antes da pandemia agravou-se ainda mais, após o decreto de Calamidade Pública de 21 de março de 2020, com as restrições impostas e com a grande queda no número de passageiros transportados.
Houve várias tentativas de sensibilizar o poder público para a situação crítica do Sistema de Transporte Coletivo, incluindo algumas sugestões, buscando preservar um serviço essencial para a população e manter o emprego de seus 400 colaboradores.
“Infelizmente, só restou a opção de encerrar as atividades no próximo dia 21 de maio, o que a Circullare lamenta profundamente pelos colaboradores e pelas consequências sociais imensuráveis da referida decisão, ressaltando, porém, que não foi por falta de alerta e vontade de dialogar, porém, a empresa chegou ao seu limite”, diz a diretoria.
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JUSTIFICATIVAS
Ainda segundo a diretoria da Circullare, no período anterior ao decreto de Calamidade Pública de 21/03/2020, a empresa era obrigada a suportar trabalhar com taxa de lucro zero e até negativa, sendo que a receita mensal média da Circullare era de R$ 4 milhões e a despesa mensal girava em torno do mesmo valor.
Porém, já nos três primeiros meses posteriores ao decreto (abril, maio, junho de 2020), foram registrados enormes prejuízos: em abril, a receita foi de R$ 1.186.814,00; em maio de R$ 1.787.924,00 e em junho de R$ 1.861,482,00, porém a despesa permaneceu nos mesmos R$ 4.000.000,00, sendo que somente em julho de 2020 houve uma redução no custo operacional, principalmente, pela demissão de 300 colaboradores, sendo mantidos ainda 400 colaboradores, dos 700 que havia antes da pandemia.
A empresa está transportando atualmente 52% a menos de passageiros. Em 2021, a média mensal de receita da Circullare está em R$ 2.000,000,00 e a média mensal de despesa na ordem de R$ 2.750.000,00 resultando em um prejuízo mensal de R$ 750.000.00.
Com as medidas restritivas da Onda Roxa, imposta em 17 de março pelo governo de Minas Gerais e que durou cerca de 30 dias, a situação se agravou, aumentando ainda mais a queda no número de passageiros equivalentes pagantes.
CONTRATO EMERGENCIAL
O Contrato Emergencial da empresa com a Prefeitura vence no dia 21 de maio, mas segundo a diretoria, os sócios da empresa não têm mais disposição nem meios para suportar o déficit atual, sem qualquer horizonte de melhoria na rentabilidade dos investimentos.
A Circullare encaminhou no dia 22 de março de 2021, via assessoria jurídica, um documento endereçado ao prefeito Sérgio Azevedo (PSDB), ressaltando que a Circullare não participaria de nova Carta Convite para contratação, se não houvesse a concessão de subsídio por parte do município e aumento tarifário, para compensar os prejuízos havidos e evitar a continuidade da situação.
“Infelizmente, não houve resposta, o que obrigou a empresa a tomar a decisão do encerramento das atividades na consciência de que todos saem perdendo: a Prefeitura como gestora do Sistema, a empresa, principalmente pela demissão de seus colaboradores e a população que pode ficar sem o transporte urbano para a realização de suas atividades, notadamente os que atuam nos serviços essenciais e também na linha de frente de combate à pandemia, trabalhando em hospitais, farmácias, supermercados, segurança pública etc”, relata a diretoria.
Ainda segundo a diretoria, a Floramar, vencedora da licitação do transporte coletivo, terá o prazo de 120 dias após a assinatura do contrato para o início das suas operações e a transição de uma empresa para outra, conforme determina o edital, é muito complexa e, embora seja do mesmo grupo, a Floramar possui outra diretoria e outra gestão administrativa.
A direção da Circullare ressalta ainda que a pandemia está afetando muito a saúde das pessoas, o que é lastimável sobre todos os aspectos, mas também vem afetando a saúde das empresas, pois muitas delas estão morrendo, quer seja, pelas medidas restritivas de funcionamento, quer pelos crescentes prejuízos para continuar em operação, como é o caso da Circullare.
“Lamentamos a decisão de encerramento das atividades, pois a história da Circullare com Poços de Caldas foi escrita por milhões de passageiros transportados, milhares de empregos gerados, centenas de itinerários acompanhando o desenvolvimento da cidade, dezenas de anos e que pode ser resumida em palavra de agradecimento à cidade, a cada um dos passageiros, e especialmente, ao principal patrimônio da empresa que é os colaboradores da empresa, de ontem e de hoje”, completa a diretoria.